Pular para o conteúdo

Tempo de tela pode causar sintomas maníacos em adolescentes

    O tempo de tela tem sido amplamente discutido por especialistas em saúde mental e educadores.

    Com o aumento do uso de dispositivos eletrônicos, surge a preocupação sobre os impactos psicológicos desse hábito, especialmente em adolescentes.

    O estudo trouxe descobertas relevantes para pais, profissionais da saúde e educadores.

    Um adolescente acessando o celular e aumentando seu tempo de tela

    O que diz a pesquisa sobre o tempo de tela e mania em adolescentes

    A analisou dados do Adolescent Brain Cognitive Development Study (ABCD) com uma amostra de mais de 9.000 adolescentes nos Estados Unidos.

    O estudo revelou que o aumento do tempo de tela na infância estava associado a um crescimento nos maníacos.

    Esse crescimento foi observado após dois anos. Esses sintomas incluem aumento da energia, pensamento acelerado, impulsivo e necessidade reduzida de sono.

    O estudo identificou que determinados tipos de tempo de tela apresentaram maior associação com esses sintomas:

    • Redes sociais (B = 0.20, p = 0.001)
    • Mensagens de texto (B = 0.18, p < 0.001)
    • Videos (ex: YouTube) (B = 0.14, p < 0.001)
    • Videogames (B = 0.09, p = 0.001)

    Entre os mediadores analisados, o uso problemático de redes sociais e jogos eletrônicos foi o fator de maior impacto. Isso sugere que a forma como esses meios são utilizados pode ser mais relevante do que o tempo.

    O que caracteriza o uso problemático de telas?

    O estudo define uso problemático de telas como um padrão de comportamento que envolve:

    • : dificuldade em reduzir o tempo de tela mesmo quando desejado.
    • Conflito: prejuízos nas relações interpessoais ou desempenho escolar.
    • Recaída: retorno ao uso excessivo após tentativas de redução.
    • Abstinência: irritabilidade e ansiedade quando privado dos dispositivos.
    Leia mais!  Você faria psicoterapia com profissional de enfermagem?

    Esse tipo de padrão também foi explorado em artigos anteriores sobre vício em games. Mais uma vez devemos perguntar: será que o uso da tela é problemático? Ou o contexto ambiental e social que está provocando um maior uso delas?

    Não será essa mais uma oportunidade que a visão medicalizante está tendo? Ela procura “corrigir” o indivíduo, como se a culpa fosse exclusivamente dele. Em vez disso, deveríamos mudar as estruturas que provocam o problema.

    A relação entre tempo de tela e sono

    Outro fator importante identificado foi a influência do tempo de tela na duração e qualidade do sono.

    A exposição prolongada a dispositivos eletrônicos, especialmente durante a noite, pode comprometer o ciclo circadiano dos adolescentes.

    Isso reduz o tempo de sono e afeta a regulação emocional. Isso reforça a necessidade de discutir hábitos saudáveis no uso das telas e seus impactos na saúde mental.

    Reflexões e possíveis caminhos

    É essencial discutir o tempo de tela sem demonizar a . Devemos compreender como utilizá-la de maneira mais equilibrada. Algumas perguntas que podem guiar essa reflexão são:

    • Como os adolescentes lidam com o tempo de tela? Eles percebem um impacto no seu humor e energia?
    • Os pais ou cuidadores estabelecem limites para o uso das telas?
    • A qualidade do sono tem sido afetada pelo uso noturno de dispositivos?
    • Existe um espaço para discussão sobre hábitos digitais saudáveis?

    A discussão sobre tempo de tela e saúde mental é complexa e multifatorial.

    Como explorado no artigo sobre diagnóstico psicológico é preciso cuidado.

    É necessário olhar para cada indivíduo de maneira singular.

    Devemos considerar seu contexto e relação com a tecnologia.

    E não simplesmente tentar “arrumá-lo” para que esteja mais de acordo com nosso sistema produtivo.

    Leia mais!  Covid: seu tipo de personalidade influenciou seu risco de pegar?

    A Psicologia, afinal, está a serviço de quem?

    Conclusão

    O estudo analisado aponta para uma correlação significativa entre tempo de tela e sintomas maníacos em adolescentes.

    Destaca-se o uso problemático de redes sociais e videogames.

    Isso destaca a importância de um uso mais consciente da tecnologia.

    É necessário aliar informação, regular hábitos e buscar acompanhamento de profissionais de saúde mental quando necessário.

    Sobretudo, aqueles que estejam cientes dos problemas sociais que levam as pessoas a comportamentos que não estão fazendo bem.

    Referência

    NAGATA, Jason M. et al. Screen time and manic symptoms in early adolescents: prospective findings from the Adolescent Brain Cognitive Development Study. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 2025.


    Descubra mais sobre Psicólogo Online e Presencial em Curitiba

    Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *