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Psicólogo para BDSM: um guia completo para atendimento ao mundo kink

    O psicológico a pessoas envolvidas com e práticas kink ainda representa um desafio. Isso ocorre para muitos profissionais da saúde mental.

    E muitos pacientes ficam sem saber como encontrar um psicólogo para BDSM e outras questões do mundo kink.

    A falta de preparo e conhecimento sobre essas vivências pode resultar em abordagens inadequadas. Isso reforça o estigma e dificulta um espaço seguro para aqueles que buscam apoio.

    Para auxiliar psicólogos e terapeutas a compreenderem melhor essa demanda, elaborei este guia completo. Este guia é um resumo (bota resumo nisso) do artigo Clinical Guidelines for Working with Clients Involved in Kink.

    Ele foi publicado originalmente no Journal of Sex & Marital Therapy em 2023.

    E foi elaborado por uma equipe de 20 especialistas. Entre eles, há clínicos e pesquisadores. O objetivo foi fornecer diretrizes visam o atendimento afirmativo e sem preconceitos.

    O documento original passou por um processo de desenvolvimento entre 2018 e 2020. Este processo envolveu revisão da literatura científica, contribuições de especialistas e grupos de apoio BDSM.

    Segundo os autores, houve ainda ajustes contínuos para refletir as melhores práticas no atendimento a essa população. Ele teve como base um primeiro esboço publicado em 2004 no Contemporary Sexuality pela American Association of Sexuality Educators, Counselors, and Therapists (AASECT).

    Foram utilizadas referências de diretrizes reconhecidas da American Psychological Association (APA) e outras instituições.

    Nos próximos tópicos, apresentamos um resumo das diretrizes e orientações. Essas diretrizes são destinadas a profissionais que desejam oferecer um atendimento informado e respeitoso para pessoas envolvidas com kink.

    Além disso, este guia pode ser um recurso para pacientes que procuram um psicólogo para BDSM. Ele ajuda a identificar terapeutas preparados para lidar com essa vivência de maneira ética e afirmativa.

    📌 A versão completa das diretrizes pode ser acessada em: www.kinkguidelines.com

    Se você é uma pessoa psicóloga, recomendo fortemente que leia a íntegra dos artigos para os quais fiz links, acima.

    Se você é uma pessoa procurando ajuda, saiba que existem psicoterapeutas informados sobre o mundo BDSM.

    Índice

    Psicólogo para BDSM: imagem de uma bota sobre um apoio para pés, algemas e chicote. A informação do terapeuta é essencial

    1. Conhecimento, habilidades e atitudes essenciais no atendimento a clientes BDSM

    Compreendendo a identidade kink

    Diretriz 1: Psicólogos devem entender que kink é um termo abrangente. Ele inclui uma diversidade de comportamentos, fantasias, e identidades consensuais.
    Psicólogos devem reconhecer seus limites ao atender clientes kink. Quando necessário, eles devem buscar supervisão, treinamento ou encaminhamento para melhor atendê-los.
    Diretriz 3: Interesses, fantasias ou comportamentos kink não indicam, por si só, transtornos mentais. Eles também não indicam dificuldades psicológicas. Pelo contrário, muitos praticantes de BDSM relatam mais bem estar que a média.
    Diretriz 4: Kink não deve ser automaticamente associado a traumas ou abuso.
    Diretriz 5: O kink pode se sobrepor a outras identidades, influenciando a forma como é vivido e expresso.

    Pesquisas indicam que a maioria dos praticantes de BDSM desenvolve interesse por essas práticas ainda na juventude. Sua vivência não está associada a histórico de abuso infantil (Richters et al., 2008).

    Consentimento e segurança nas práticas BDSM

    Diretriz 8: Psicólogo para BDSM deve compreender a centralidade do consentimento no BDSM. Eles devem saber como ele é negociado dentro das relações e interações kink.

    BDSM se baseia em modelos éticos de consentimento. Exemplos são Safe, Sane and Consensual (SSC) e Risk-Aware Consensual Kink (Rack). Esses modelos garantem práticas seguras e negociadas entre os envolvidos.

    Diretriz 9: Práticas kink podem proporcionar crescimento pessoal, empoderamento e até mesmo auxiliar na elaboração de experiências emocionais complexas.

    2. Desenvolvimento ao longo da vida, família e parentalidade

    Diretriz 10: As vivências kink podem variar conforme a geração e idade em que a pessoa começou a explorá-las.
    Diretriz 11: O interesse por BDSM pode surgir em qualquer fase da vida.

    Pesquisas apontam que mais de 60% das pessoas interessadas em BDSM descobrem identidade antes dos 25 anos (Holvoet et al., 2017). Mas há também casos de descobertas mais tardias.

    O estudo de Holvoet et al. (2017) ainda revelou que:

    • 46,8% da população belga já praticou atividades relacionadas ao BDSM pelo menos uma vez na vida.
    • 12,5% praticam BDSM regularmente.
    • 7,6% se identificam como praticantes de BDSM.
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    Esses dados reforçam que o BDSM é mais comum do que muitos imaginam.

    Diretriz 12: As configurações familiares de pessoas BDSM são diversas e incluem famílias de escolha e relações não monogâmicas.
    Diretriz 13: Psicólogos não devem presumir que o envolvimento com kink tenha impacto negativo na parentalidade.

    Estudos mostram que a participação em BDSM não afeta a capacidade parental. No entanto, ainda existe em processos legais. Isso ocorre em disputas de guarda, por exemplo (Klein & Moser, 2006).

    3. Avaliação clínica e intervenções terapêuticas

    Diretriz 14: Nenhuma queixa terapêutica deve ser automaticamente atribuída ao envolvimento do paciente com kink.
    Diretriz 15: Terapias que visam “curar” ou erradicar o BDSM são antiéticas.
    Diretriz 16: Sofrimento psicológico relacionado ao BDSM pode ser decorrente do estigma social e da internalização de crenças negativas.

    O conceito de “kinkfobia internalizada” tem sido utilizado para descrever uma situação. É quando indivíduos kink sentem desconforto ou culpa sobre seus interesses. Isso acontece devido à percepção negativa da .

    Diretriz 17: Psicólogos devem examinar seus próprios preconceitos e valores para evitar que afetem a relação terapêutica.
    Diretriz 18: Estereótipos sobre BDSM podem influenciar a forma como pacientes se apresentam e como a terapia é conduzida.
    Diretriz 19: Psicólogo para BDSM deve diferenciar claramente doméstica de práticas BDSM consensuais.

    Uma com 5.667 praticantes de BDSM revelou que 14,9% relataram que um parceiro ignorou um safeword em algum momento. Dois terços desses casos foram intencionais e abusivos (Wright et al., 2012).

    4. Educação, formação profissional e impacto social

    Diretriz 20: Psicólogos devem manter-se atualizados sobre a literatura científica relacionada ao BDSM. Não esperamos que haja especialização tal que alguém se declare unicamente psicólogo para BDSM, mas informação é essencial.
    Diretriz 21: O desenvolvimento de programas de treinamento sobre BDSM deve ser incentivado na formação profissional.
    Diretriz 22: Psicólogos devem conhecer recursos comunitários e educacionais voltados a clientes BDSM.
    Diretriz 23: Psicólogos devem atuar para reduzir o estigma contra pessoas envolvidas com BDSM.

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    Psicólogo para BDSM: pesquisas indicam que 76% dos psicólogos já atenderam pelo menos um paciente BDSM. Apenas 48% se sentem preparados para esse atendimento (Kelsey et al., 2013). Isso reforça a necessidade de mais capacitação na área.

    Aceitando a diversidade da sexualidade

    A humana é diversa, e práticas como o BDSM não devem ser patologizadas ou tratadas como disfunções. O papel do psicólogo para BDSM é garantir um espaço seguro e acolhedor. No consultório, o paciente pode explorar sua identidade sem medo de julgamento. Eles não precisam temer uma intervenção inadequada.

    Meu objetivo com este guia foi oferecer um material útil para profissionais e pacientes. Quero assegurar que mais pessoas possam contar com um atendimento psicológico ético, informado e livre de preconceitos.

    Referências


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