Inteligência artificial e pensamento crítico não andam juntos?
Bem, a IA já faz parte do nosso dia a dia.
Ela é usada no trabalho e nos estudos. Também é utilizada na hora de escrever mensagens e e-mails.
Tem gente até fazendo terapia com inteligência artificial. O que, por si só, é algo preocupante.
Ela ajuda a organizar ideias, sugerir conteúdos e até responder perguntas complexas em segundos.
Mas será que essa facilidade toda está afetando o jeito que pensamos?
Esse debate tem se intensificado, especialmente no meio acadêmico.
Índice

Inteligência Artificial: vilã ou aliada?
Por um lado, a IA personaliza o aprendizado. Ela facilita a aquisição de conhecimento. Por outro, há uma preocupação crescente de que a dependência excessiva dessas tecnologias possa enfraquecer a capacidade de pensamento crítico.
Além disso, Malicse (2025a) sugere que a IA pode funcionar como um “campo de informação perfeito”. Ela influencia não apenas a lógica das decisões humanas, mas também a forma como percebemos a realidade.
Isso reforça a necessidade de fortalecer o pensamento crítico. É essencial para evitar uma confiança cega nos algoritmos na hora de tomar decisões.
Malicse (2025b), por outro lado, em outro artigo não descarta alguma esperança.
Ele argumenta que a Inteligência Artificial Geral (AGI) pode, quando surgir, atuar como uma extensão da consciência humana.
Ela ajudaria a manter um equilíbrio cognitivo sem comprometer nossa capacidade de raciocinar de forma independente. Assim, a relação entre humanos e máquinas inteligentes poderia ser mais colaborativa do que subordinada.
Não podemos esquecer, no entanto, que a inteligência artificial não tem as emoções humanas. Ela “parece” tê-las.
Diante dessas opiniões divergentes, fica o questionamento: inteligência artificial e pensamento crítico estão se distanciando? Ou estamos apenas mudando a maneira como pensamos?
O que muda no nosso pensamento quando usamos IA?
A pesquisa de Lee et al. (2025) revelou três grandes mudanças na forma como inteligência artificial e pensamento crítico se relacionam ao usarmos essa ferramenta.
Detalhe que a pesquisa foi feita por pesquisadores da Microsoft, uma das principais interessadas no desenvolvimento da Inteligência Artificial.
1. Menos tempo buscando informações, mais tempo verificando
Antes da IA, buscar informações era uma das partes mais demoradas do trabalho intelectual. Agora, com algumas palavras digitadas, a IA já nos dá uma resposta pronta. Isso economiza tempo, mas traz um novo desafio: será que essa informação está certa?
Muitas pessoas acabam confiando cegamente no que a IA entrega, sem verificar se os dados estão corretos ou atualizados. Isso pode ser perigoso, especialmente em áreas como saúde, direito e educação.
Dica: Sempre cheque informações importantes em fontes confiáveis. A IA pode ajudar a encontrar respostas, mas você é quem deve decidir se elas fazem sentido.
2. Menos esforço para resolver problemas, mais esforço para integrar as respostas
A IA pode sugerir soluções para problemas de forma rápida e eficiente. No entanto, muitas vezes, essas respostas precisam ser ajustadas ao contexto real.
Por exemplo, um professor pode pedir para a IA criar um plano de aula. No entanto, ele ainda precisa revisar e adaptar esse material para seus alunos. O mesmo vale para um advogado que usa IA para redigir um contrato. Isso também se aplica a um programador que pede ajuda para corrigir um código.
Dica: Use a IA como um assistente e não como um substituto. Pergunte-se: essa resposta realmente se encaixa na minha situação?
3. De executor para supervisor
Com a IA assumindo parte do trabalho, nosso papel muda de quem faz tudo para quem supervisiona. Em vez de escrever um texto do zero, agora revisamos e editamos o que a IA gerou. Isso pode parecer mais fácil. No entanto, é necessário outro tipo de atenção. Precisamos verificar erros, ajustar o tom e garantir que o conteúdo esteja alinhado com nossas necessidades.
Dica: Pense na IA como um estagiário muito inteligente, mas que ainda precisa de supervisão. Seu olhar crítico é fundamental para garantir qualidade.
O que influencia nosso pensamento crítico ao usar IA?
O estudo apontou alguns fatores que determinam se alguém tende a pensar mais ou menos criticamente ao usar IA:
- Confiança na IA → Quanto mais você confia na IA, menos sente necessidade de questionar o que ela entrega. Isso pode ser útil para tarefas simples, mas perigoso para decisões importantes.
- Autoconfiança no próprio conhecimento → Quem tem mais segurança no próprio conhecimento tende a revisar e melhorar as respostas da IA. Isso garante que as respostas sejam mais precisas e úteis.
- Motivação e tempo disponível → Se a pessoa está com pressa, pode aceitar as respostas da IA sem revisar. A pessoa também pode considerar a tarefa sem importância.
Como usar a IA sem perder nosso pensamento crítico?
A IA pode ser uma grande aliada no nosso dia a dia, desde que a utilizemos de forma consciente. Aqui estão algumas dicas para manter inteligência artificial e pensamento crítico andando de mãos dadas:
✅ Sempre revise as respostas da IA – Leia com atenção, faça ajustes e verifique fontes. A IA pode errar, e você é a última linha de defesa contra informações erradas.
✅ Adapte o que a IA gera para o seu contexto – Um texto genérico pode não servir para sua realidade. Reescreva, personalize e deixe com a sua cara.
✅ Mantenha suas habilidades analíticas em dia – Exercite o pensamento crítico. Leia artigos. Participe de debates. Busque múltiplas fontes de informação.
✅ Não use a IA como muleta – Ela deve facilitar sua vida, não substituir sua capacidade de pensar. Se estiver dependendo demais da IA, pode ser um sinal de alerta.
Conclusão
A IA está mudando a forma como lidamos com informações e tomamos decisões. Como apontado por Lee et al. (2025), seu uso pode reduzir o esforço para pensar criticamente.
No entanto, essa mudança não significa necessariamente uma perda de capacidade cognitiva. Inteligência artificial e pensamento crítico podem e devem andar juntos.
Alguns autores, como Alzhanova (2025), alertam para o risco de enfraquecimento do pensamento crítico. Outros, como Malicse (2025b), veem a IA como uma ferramenta poderosa.
Eles acreditam que ela pode ampliar nossa capacidade de raciocínio. O desafio está em encontrar um equilíbrio: usar a IA de forma inteligente, questionar sempre e nunca parar de aprender.
Referências
ALZHANOVA, A. Y. Integration of artificial intelligence in higher education: opportunities and challenges. Endless Light in Science, 2025. Disponível em: https://cyberleninka.ru/article/n/integration-of-artificial-intelligence-in-higher-education-opportunities-and-challenges. Acesso em: 17 fev. 2025.
LEE, Hao-Ping; SARKAR, Advait; TANKELEVITCH, Lev; et al. The impact of generative AI on critical thinking: self-reported reductions in cognitive effort and confidence effects from a survey of knowledge workers. In: CHI Conference on Human Factors in Computing Systems, 2025, Yokohama, Japan. ACM, 2025. Disponível em: https://advait.org/files/lee_2025_ai_critical_thinking_survey.pdf
MALICSE, A. The Universal Formula as a Perfect Information Field: A Guiding Framework for Nature, Society, and AI. Philarchive, 2025a. Disponível em: https://philarchive.org/rec/MALTUF-2. Acesso em: 17 fev. 2025.
MALICSE, A. AGI and the Universal Law of Balance: A Path to Continuous Equilibrium. Philpapers, 2025b. Disponível em: https://philpapers.org/rec/MALAAT-12. Acesso em: 17 fev. 2025.
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