Epilepsia. Uma palavra que carrega histórias, desafios e, muitas vezes, silêncio.
O Março Roxo é o mês dedicado à conscientização sobre a epilepsia.
É uma campanha internacional que propõe diálogo, respeito e inclusão.
Mas será que estamos realmente prontos para ouvir o que essas vozes têm a dizer?
Índice
O que é epilepsia e por que precisamos falar sobre ela?
A epilepsia é uma condição neurológica crônica, caracterizada por crises epilépticas recorrentes.
Segundo a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), ela pode se manifestar de várias formas.
As manifestações variam desde convulsões evidentes até episódios discretos.
Esses episódios discretos incluem ausências ou confusões momentâneas.
A ABE explica que ela só é diagnosticada quando há risco de repetição espontânea das crises.
E o mais importante: muitas pessoas com esse diagnóstico podem viver anos sem apresentar sintomas.
Ainda assim, enfrentam estigmas que dificultam sua inclusão social, educacional e profissional.

Os mitos que ainda cercam a epilepsia
Tiago Marques do Carmo, embaixador da ABE no Paraná, reforça que os mitos sobre a condição são significativos. Eles são um dos maiores entraves à inclusão.
Para combater a desinformação, ele sugere buscar conteúdos confiáveis. Considere visitar os sites da Associação Brasileira de Epilepsia e da Liga Brasileira de Epilepsia.
Esses canais oferecem materiais de apoio, esclarecimentos e até mesmo atendimento para dúvidas específicas.
Nas redes sociais das entidades, também é possível interagir com profissionais e voluntários engajados na causa.
A epilepsia na infância: escola como espaço de acolhimento
Grande parte dos casos começa na infância. E é justamente na escola que os primeiros sinais podem ser identificados.
Tiago destaca a importância de incluir atividades de conscientização nos calendários escolares. Ele sugere aproveitar o Março Roxo para formar uma cultura de empatia desde cedo.
Ele lembra que professores bem informados conseguem reconhecer crises do tipo ausência.
Eles podem orientar os demais colegas e familiares sobre como agir. Essa postura evita situações de exclusão e fortalece o desenvolvimento emocional da criança.
Quando o preconceito aparece na escola
Casos de preconceito devem ser levados a sério. Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, trata-se de violação de direitos.
Os responsáveis podem acionar conselhos tutelares, Ministério Público ou a equipe pedagógica da instituição de ensino.
Mais do que punir, o objetivo é educar. Queremos construir um ambiente inclusivo para todas as crianças — com ou sem a condição.
Epilepsia e mercado de trabalho: uma barreira invisível
A epilepsia é frequentemente mal compreendida por empregadores. Tiago aponta que muitas pessoas com a condição enfrentam dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Isso ocorre mesmo quando a condição está controlada. Esse cenário impacta diretamente a saúde mental, podendo gerar ansiedade, baixa autoestima e depressão.
Conscientizar empresas e gestores é fundamental. A inclusão começa quando se entende que a condição não define a competência profissional de ninguém.
O papel da psicologia na luta contra o capacitismo
A Comissão de Psicologia Anticapacitista do CRP-PR tem atuado no enfrentamento ao preconceito que atinge pessoas com a condição.
A psicóloga Desiree Dias explica que o capacitismo é a ideia de que existem formas ideais de funcionamento físico. Essas ideias excluem quem não se encaixa nesse padrão mental.
Ela destaca que a acessibilidade vai além das rampas e elevadores. Envolve escuta, adaptação, acolhimento e empatia.
“Compreender as necessidades específicas das pessoas com epilepsia é fundamental. Acolher essas necessidades é um passo importante para ambientes mais seguros e inclusivos”, afirma.
A psicologia como espaço de escuta e transformação
O psicólogo Serafim Lissa Koga lembra que as crises epilépticas podem ser discretas. Isso gera dificuldades de diagnóstico.
Também dificulta a compreensão. Muitas vezes, episódios são confundidos com distração ou comportamento inadequado, o que acarreta sofrimento psicológico.
Para ele, o papel da Psicologia é acolher, informar e desmistificar. Profissionais da área devem criar ambientes mais acessíveis. Esses ambientes precisam ser respeitosos e acolhedores. Isso está de acordo com as orientações do Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Mesmo com o arquivamento do PL nº 986/2022 — que propunha a equiparação legal de pessoas com epilepsia às pessoas com deficiência —, o compromisso ético permanece. É preciso garantir dignidade, segurança e inclusão. .
Por que a desmistificação da epilepsia é tão urgente?
Porque o preconceito não causa só vergonha — ele machuca, isola e adoece. Pessoas com epilepsia não são perigosas, incapazes ou frágeis. São indivíduos com histórias, talentos e desafios, como qualquer outro ser humano.
Ignorar esse tema é compactuar com uma cultura que exclui. Informar-se é o primeiro passo para a transformação.
E você?
Você já pensou no que faria diante de uma crise epiléptica? Conhece alguém que vive com epilepsia? Já parou para se perguntar se o seu ambiente é acolhedor para essa pessoa?
Neste Março Roxo, permita-se refletir. Mais que um mês, é um convite a criar um mundo. Nesse mundo, todas as pessoas — com ou sem epilepsia — possam existir com liberdade. Elas também devem ter dignidade.
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