O The New York Times publicou recentemente um artigo intitulado “Therapy Is Good. These Therapists Are Bad”, abordando relatos de pacientes que tiveram experiências negativas com seus terapeutas.
Diante disso, você deve estar se perguntando: como denunciar um psicólogo?
A matéria resume mais de 2.700 depoimentos de leitores. Esses depoimentos revelam casos que vão desde comportamento inadequado e violações éticas até situações completamente bizarras.
Exemplos incluem terapeutas dormindo durante a sessão, enviando mensagens inapropriadas ou utilizando técnicas duvidosas sem justificativa clínica.
Esses relatos destacam a importância da ética profissional na prática terapêutica. Eles mostram a necessidade de mecanismos mais eficazes para proteger pacientes de profissionais despreparados ou abusivos.
Índice

Algumas das participações dos leitores do NY Times
Obviamente, a jornalista do NY Times usou de recursos para não identificar os participantes:
- Elise, 37 anos, relatou que sua terapeuta estava pedalando em uma bicicleta ergométrica durante a sessão em San Diego.
- Maria Danna, 35 anos, contou que sua terapeuta em Portland, Oregon, sacudiu vigorosamente uma maraca em seu rosto. Ela fez isso para “captar sua energia”.
- Carson buscou ajuda para depressão pós-parto em Ohio. Ela recebeu milhares de mensagens de texto de seu psiquiatra. Ele eventualmente revelou sentimentos sexuais por ela.
- Melissa Petty, 71 anos, relatou que sua terapeuta adormeceu durante uma sessão em Dallas.
- Um leitor afirmou que há um “diz que diz” na área. Consta que toda turma de graduação tem pelo menos um ou dois alunos que levantam sérias preocupações éticas.
- O terapeuta Eric Jones, de Santa Ana, Califórnia, afirmou que já demitiu ou denunciou vários colegas por conduta inadequada.
- Deborah relatou que, nos anos 80, seu terapeuta ofereceu-lhe vinho e cannabis. Ele teve relações sexuais com ela. Além disso, implorou para que ela retornasse à terapia.
- Mais de 130 leitores disseram que seus terapeutas dormiram durante as sessões, alguns chegando a babar ou roncar.
- Leah, 44 anos, relatou que seu terapeuta tinha um cachorro no consultório. Quando ela explicou que tinha medo de cães, a terapeuta ignorou seu medo. Ela culpou sua ansiedade quando o animal a atacou.
- Emily, 34 anos, de Pittsburgh, disse que seu terapeuta passou toda a sessão olhando pela janela. Ele não fez contato visual. Isso levou Emily a encerrar o tratamento por e-mail.
- Alguns leitores relataram que seus terapeutas chegavam atrasados. Eles comiam durante as sessões e não informavam taxas previamente. Alguns terapeutas faltavam. Outros simplesmente desapareciam sem explicação.
- Alguns terapeutas ofereciam tratamentos desnecessários ou práticas da moda sem parecerem qualificados para aplicá-las.
- Alguns leitores relataram que seus terapeutas divulgavam informações pessoais excessivas, ofereciam presentes ou tentavam estabelecer relações sociais fora do consultório.
Como denunciar um psicólogo no Brasil e nos EUA
Nos Estados Unidos, pacientes que enfrentam problemas com seus terapeutas têm opções.
Eles podem recorrer ao licensing board do estado onde o profissional está registrado. Esse órgão é responsável por investigar denúncias e aplicar sanções, caso necessário.
Além disso, algumas organizações oferecem suporte para pessoas prejudicadas por profissionais da saúde mental. Uma dessas organizações é a Therapy Exploitation Link Line (TELL).
Como denunciar um psicólogo no Brasil
No Brasil, a postura deve ser semelhante. Qualquer conduta antiética deve ser denunciada ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) correspondente. O CRP pode instaurar processos disciplinares contra o psicólogo.
- No Paraná, por exemplo, a página de denúncia é esta.
- Se você é de outro estado, pode buscar ajuda na página apropriada do CFP
A Resolução CFP nº 09/2024 e o Código de Ética Profissional do Psicólogo determinam limites claros para a atuação terapêutica.
Pacientes que se sintam prejudicados devem se informar sobre seus direitos. Eles devem buscar apoio para garantir um atendimento seguro e ético.
Quando denunciar um psicólogo?
É importante denunciar um psicólogo quando ele comete uma conduta antiética ou inadequada que cause prejuízo ao paciente.
Em teoria, qualquer violação ao Código de Ética Profissional da Pessoa Psicóloga pode ser reportada.
Em teoria, sim, porque existem muitas condutas, como a violência dos diagnósticos, que ficam em uma zona tremendamente cinzenta.
O Conselho Regional de Psicologia (CRP) responsável pela jurisdição onde o profissional atua deve ser notificado.
Como saber se devo denunciar?
Nem sempre é fácil distinguir quando uma situação exige uma denúncia formal ou apenas uma conversa direta com o profissional.
Um bom ponto de partida é se perguntar:
- A experiência me fez sentir que não é seguro continuar com esse psicólogo?
- O que aconteceu pode colocar outras pessoas em risco?
- O problema não pode ser resolvido com uma conversa?
- A situação foi claramente antiética ou abusiva?
Se a resposta for “sim” para uma dessas perguntas, é hora de buscar outro profissional. Você também pode considerar fazer uma denúncia. Entenda, agora, o que justifica denunciar um psicólogo.
Exemplos de violações éticas que justificam denúncia
Você pode denunciar um psicólogo ao CRP se:
- Iniciou um relacionamento sexual ou romântico com um paciente;
- Fez avanços sexuais inapropriados durante o atendimento ou cedeu a avanços sexuais da pessoa paciente;
- Induziu a paciente a participar de negócios ou empreendimentos pessoais dele, sem relação com a terapia;
- Cruzou limites entre a relação profissional e pessoal, resultando em um “duplo vínculo” prejudicial;
- Violou o sigilo profissional sem justificativa legal ou ética;
- Abandonou a pessoa paciente abruptamente, sem aviso prévio ou encaminhamento adequado;
- Ofereceu serviços para os quais não tinha qualificação ou tentou exercer atribuições de outras áreas, como prescrever medicamentos. Pessoalmente, eu tomaria cuidado até com indicação de alimentos. Isso é coisa de nutricionista.
- Utilizou métodos não reconhecidos ou potencialmente prejudiciais sem o devido consentimento informado;
- Incentivou ou praticou comportamentos ilegais na presença do paciente;
- Escondeu informações importantes, como o fato de que o paciente estava participando de uma pesquisa sem saber;
- Demonstrou atitudes discriminatórias evidentes, como falas racistas, sexistas ou homofóbicas.
Nem sempre é fácil identificar uma violação ética e decidir se deve-se ou não denunciar um psicólogo.
Algumas situações podem ser confusas e exigir reflexão antes de uma decisão.
Portanto, muita calma nessa hora
Antes de denunciar, compreenda que terapia nem sempre é confortável
Não vale culpar o frasco se o remédio, às vezes, é amargo.
Ter um processo terapêutico difícil ou emocionalmente intenso não significa necessariamente que seja urgente denunciar um psicólogo.
Psicoterapia pode ser desafiadora, especialmente no início, quando o paciente enfrenta questões dolorosas e profundas.
Alguns motivos pelos quais a terapia pode parecer desconfortável incluem:
- O início do tratamento pode trazer à tona questões difíceis, gerando angústia.
- Terapia é um processo gradual. Os psicólogos nem sempre explicam todos os métodos utilizados. Isto é especialmente verdade se o paciente não perguntar.
- Algumas abordagens terapêuticas envolvem momentos de silêncio. Elas também podem incluir reflexões intensas. Isso pode parecer estranho para quem nunca passou por terapia antes.
- Questões como transferência emocional e resistência ao tratamento podem causar frustrações e sentimentos negativos temporários.
- Lidar com experiências difíceis e aceitar partes de si mesmo pode ser um processo doloroso, mas necessário para o avanço.
Se um paciente está se sentindo desconfortável na terapia, pode ser útil conversar com o profissional.
Terapia é relacionamento. Relacionamento terapêutico, mas relacionamento.
Isso é importante antes de tomar uma decisão definitiva.
Muitas vezes, esclarecer a situação pode fortalecer a relação terapêutica e até levar a avanços no tratamento.
Quando não denunciar um psicólogo?
Uma denúncia contra um psicólogo não deve ser usada como uma forma de desabafo ou frustração momentânea.
O processo é sério e envolve uma investigação rigorosa por parte do CRP.
Se o que aconteceu não violou claramente o Código de Ética, pode ser mais produtivo apenas procurar outro profissional.
Por exemplo, se um psicólogo é rude ou condescendente, isso pode ser motivo para trocar de terapeuta. No entanto, essa atitude não representa necessariamente uma razão para uma denúncia formal.
Se psicoterapia é relacionamento, por vezes, o santo não bate. E, inclusive, essa percepção e sua resolução, fazem parte do seu processo psicoterapêutico.
Caso o paciente não tenha certeza se a conduta do psicólogo foi antiética, pode tentar conversar com ele antes.
Um profissional ético estará disposto a ouvir e esclarecer eventuais mal-entendidos.
Se, no entanto, o psicólogo reagir de forma defensiva, é sinal de que, talvez, seja hora de encerrar o vínculo. Considerar uma denúncia também pode ser necessário.
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