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Consentimento no BDSM: por que acordos claros transformam prazer em cuidado

    Talvez você já tenha ouvido que o seria “ disfarçada”. Contudo, o estudo Oh, Are You Just Kinky in Bed? (Kim et al., 2025) revela como o consentimento no BDSM —iniciado na negociação, confirmado por safewords e cuidado pós-cena— sustenta bem-estar pessoal, interpessoal e sociocultural.

    Entender essa lógica ajuda não só quem pratica kink. Também beneficia qualquer pessoa em “baunilha” que busca acordos mais claros e respeitosos.

    Laços consensuais que se transformam em linhas de diálogo, simbolizando cuidado mútuo e consentimento no BDSM

    O que torna o consentimento no BDSM diferente?

    1. Negociação prévia: desejos, limites, riscos e safewords são discutidos antes da cena.
    2. Safewords: permitem parar ou ajustar a interação a qualquer momento, sem explicação adicional.
    3. Aftercare: integra corpo e emoção depois da experiência, reforçando vínculo e segurança.

    O BDSM coloca autonomia e cuidado mútuo no centro. Assim, oferece um modelo relacional. Esse modelo muitas vezes falta a casais ditos normativos.

    Descobertas pessoais: agência e regulação emocional

    Participantes do estudo relatam que praticar consentimento no BDSM aprofunda . Isso fortalece senso de agência e facilita a regulação de intensas. A dor consensual, quando bem coordenada, pode produzir catarse e sentimento de conquista. Você já percebeu como conhecer seus limites ajuda a lidar melhor com o próprio corpo?

    Vínculos e comunicação: a dimensão interpessoal do consentimento no BDSM

    Safewords e aftercare como cuidado mútuo

    “A palavra era ‘crayon’; bastava dizê-la e tudo parava”, contou uma das pessoas entrevistadas. Esse exemplo ilustra como, apesar da encenação de poder, o controle real permanece em quem pode interromper a cena. Depois, o aftercare consiste de abraço, hidratação e feedback. Ele consolida a experiência física e emocional. Esse processo previne queda de humor ou tensão fisiológica.

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    Protocolos de segurança em foco

    • SSC – São, Seguro e Consensual.
    • RACK – Risco Aceito com Consentimento Consciente.
    • SSICK – Seguro, Sadio, Informado, Consentido e Kinky.
    • CCCC – Cuidado, Consciência, Consentimento e Comunicabilidade.
    • Outros, como PRICK, reforçam que, apesar das siglas variarem, o eixo é sempre o mesmo. O consentimento no BDSM deve ser informado, específico e revogável. Já pensou em combinar uma safeword mesmo em encontros sexuais considerados “convencionais”?

    Resistir ao estigma: dimensões socioculturais

    O estudo também registra que racismo, transfobia e marginalização afetaram parte dos participantes. Isso mostra que a cena BDSM não está isenta de desigualdades.

    Por isso, devemos falar de consentimento no BDSM e discutir interseccionalidade. Quem tem poder de escolher? Quem pode negociar e ser aceito em espaços kink?

    Reconhecer esses atravessamentos estimula comunidades e terapeutas a promover ambientes mais inclusivos.

    Profissionais de saúde mental que acolhem pessoas BDSM precisam entender práticas, linguagem e protocolos. Isso evita julgamentos que impeçam a busca de ajuda.

    A escuta empática e livre de patologização promove segurança para que as pessoas compartilhem suas experiências sem medo.

    Orientações práticas ao leitor

    • Revogabilidade: consentimento pode ser retirado a qualquer momento, sem explicação.
    • contínua: combine check-ins verbais ou não verbais durante a cena.
    • Aftercare planejado: pergunte o que seu par precisa (água? cobertor? silêncio? conversa?).
    • Autopercepção corporal: note sinais de desconforto físico ou emocional antes de ultrapassar limites.
    • constante: familiarize-se com protocolos SSC, RACK, SSICK, CCCC; escolha o que melhor se adapta a você.

    O que terapeutas precisam saber

    1. Evitar juízo moral: foco na experiência subjetiva, não em rótulos de “desvio”.
    2. Explorar significados corporais: o corpo comunica necessidades; acolher sensações ajuda no cuidado.
    3. Valorizar o contrato relacional: o pacto de consentimento mostra que negociar é ato de afeto.
    4. Reconhecer possíveis traumas: algumas pessoas ressignificam experiências adversas no kink; avaliar sem supor causalidade única é fundamental.
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    Conclusão – acordos claros, cuidado profundo

    Ao iluminar como o consentimento no BDSM estrutura prazer, segurança e vínculo. A destaca a necessidade de analisar as dinâmicas de poder. Isso se aplica em todas as relações. Negociar limites deveria ser norma. Praticar escuta ativa deve ser comum. Cuidar do outro durante e após o encontro erótico não deveria ser exceção. Essas práticas devem ser a norma. Que práticas de respeito e comunicação você levará do universo kink para os demais aspectos da vida?

    Leitura complementar no Psicólogo Online

    Referência acadêmica

    KIM, D.; SIRACUSA, A.; SILVERT, R.; CHAN, J.; BREWSTER, M. Oh, Are You Just Kinky in Bed? Tying Together the Personal, Interpersonal, and Sociocultural Dimensions of BDSM. Journal of Positive Sexuality, 11(1), 25-40, 2025. DOI: 10.51681/1/1112.


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