A percepção da beleza sempre esteve atrelada a fatores culturais, sociais e psicológicos.
No entanto, um estudo recente publicado na Plos One revelou algo surpreendente.
Homens e mulheres têm ideias equivocadas sobre o que o outro gênero considera atraente.
Mas por que isso acontece? E como essa distorção pode afetar a autoestima e os padrões de beleza?
Quem sabe esse estudo esclareça por que estamos vendo tantas harmonizações faciais estranhas por aí, não é mesmo minha gente?

Índice
O estudo: quando a percepção e a realidade se desencontram
Pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, usaram modelos 3D de rostos.
Eles avaliaram as preferências de homens e mulheres heterossexuais em relação à atratividade facial.
Os participantes puderam manipular digitalmente as imagens para representar seus padrões de beleza:
- Como viam seu próprio rosto;
- O rosto ideal para si mesmos;
- O rosto ideal para um(a) parceiro(a) de curto e longo prazo;
- O rosto que acreditavam ser o mais atraente para o outro gênero.
Os resultados mostraram uma distorção significativa nas percepções de padrões de beleza:
- Mulheres acreditam que os homens preferem rostos mais femininos do que realmente desejam.
- Homens acreditam que as mulheres preferem rostos mais masculinos do que realmente gostam.
Ou seja, ambos os sexos exageram na característica de dimorfismo sexual. As mulheres exageram na feminilidade e os homens na masculinidade. Ambos acreditam que essa será a preferência do outro.
O impacto na autoestima e na insatisfação com a aparência
A pesquisa também encontrou uma relação direta entre essa distorção e a insatisfação com a própria aparência.
A insatisfação com a própria face aumenta. Isso ocorre quando há uma grande diferença entre a percepção errônea do que o outro deseja e a própria imagem.
Isso pode explicar por que muitas pessoas buscam cirurgias plásticas, preenchimentos faciais ou mesmo mudanças radicais na aparência.
Elas são influenciadas por padrões que, na realidade, podem não corresponder ao que os outros de fato consideram atraente.
Aí, a gente fica pensando em quanto à indústria da moda e da beleza lucra com nossas incertezas e inseguranças. Inclusive com desodorantes para clarear as axilas (!!!!).
O papel da cultura e da mídia
A mídia e as redes sociais reforçam ideais de beleza muitas vezes irreais.
Mulheres são constantemente expostas a padrões de rostos delicados. Elas também enfrentam traços exageradamente femininos.
Homens são incentivados a buscar feições mais fortes. Eles procuram traços mais angulares.
Essa influência cultural também contribui para a perpetuação dessas crenças equivocadas.
Isso alimenta a busca incessante por um padrão inalcançável. Muitas vezes, esse padrão é insustentável.
Como lidar com essas percepções distorcidas?
A percepção da própria aparência está profundamente ligada à autoestima e ao bem-estar emocional.
Compreender que muitos dos padrões de beleza que seguimos podem estar distorcidos é essencial.
Esse reconhecimento é o primeiro passo para uma relação mais saudável com a própria imagem.
Algumas reflexões que podem ajudar:
- Você já questionou se suas inseguranças sobre a aparência vêm de suas próprias experiências ou são influenciadas pela mídia?
- Até que ponto a busca por um padrão de beleza afeta sua autoestima e suas escolhas?
- Você já conversou com alguém sobre sua percepção de beleza e comparou com o que realmente acha atraente nos outros?
- Você comprou, no último mês, algum produto para ficar mais bonita(o) sem reconhecer a beleza que você certamente já tem?
Padrões de beleza longe de ser precisos
A percepção da beleza do outro gênero por homens e mulheres está longe de ser precisa.
Essa distorção pode influenciar a autoestima. Ela pode levar a esforços desnecessários. Esses esforços buscam atender a padrões que nem sequer correspondem à realidade.
Em vez de buscar atender a um ideal de beleza imposto, talvez seja mais produtivo refletir.
Devemos pensar sobre o que realmente nos faz sentir confortáveis com nossa própria imagem.
Afinal, a beleza, além de subjetiva, é um reflexo da confiança e do bem-estar que cultivamos em nós mesmos.
Referência
PERRETT, David I.; HOLZLEITNER, Iris J.; LEI, Xue. Misperception of the facial appearance that the opposite-sex desires. PLOS ONE, v. 19, n. 11, p. e0310835, 2024.
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