A dor crônica afeta milhões de pessoas no mundo. Para muitas delas, a dor não se limita ao corpo. Depressão e ansiedade são frequentes nesses casos, mas ainda pouco abordadas no tratamento.
Um estudo recente trouxe dados importantes sobre essa relação. O estudo reforça a necessidade de atenção à saúde mental de quem sofre com dor persistente.
Índice

O que esse estudo mostrou?
O estudo é uma revisão sistemática e meta-análise. Ou seja, reuniu várias pesquisas sobre o tema. Isso foi feito para trazer um panorama amplo.
Foram analisados 376 estudos de 50 países, totalizando 347.468 pessoas com dor crônica. Os resultados são alarmantes:
- 39,3% dos participantes tinham sintomas clínicos de depressão.
- 40,2% apresentavam sintomas clínicos de ansiedade.
- As taxas eram ainda maiores entre mulheres e pessoas mais jovens.
- Pacientes com fibromialgia apresentaram os níveis mais altos de sofrimento emocional.
Isso significa que quase metade das pessoas com dor crônica vive também com transtornos emocionais significativos.
Por que esse estudo é relevante?
Primeiro, porque ele abrange um grande volume de dados. Estudos isolados podem ter resultados diferentes, mas ao reunir várias pesquisas, a meta-análise permite uma visão mais precisa da realidade.
Além disso, ele mostra um padrão claro. Quem tem dor crônica tem muito mais chance de desenvolver depressão.
A ansiedade é mais comum do que em pessoas sem dor persistente. Isso exige uma abordagem mais completa no tratamento.
Outro ponto relevante é que, apesar de essa relação ser conhecida, muitos pacientes não recebem atendimento psicológico adequado.
Além disso, muitos são rejeitados em clínicas especializadas em dor justamente por terem transtornos emocionais.
Isso cria um ciclo prejudicial: a dor piora a saúde mental, e o sofrimento emocional intensifica a percepção da dor.
O impacto na qualidade de vida
A dor crônica não afeta apenas o físico. Pessoas que convivem com ela frequentemente relatam:
- Dificuldade para dormir
- Redução da mobilidade
- Problemas de relacionamento
- Diminuição da capacidade de trabalho
- Sentimentos de desesperança e isolamento
O impacto emocional é real e pode piorar a condição clínica. Depressão e ansiedade alteram a percepção da dor, tornando-a mais intensa e duradoura.
Quem corre mais risco?
O estudo apontou alguns grupos mais vulneráveis:
- Mulheres: Tiveram maiores taxas de depressão e ansiedade.
- Jovens: Quanto menor a idade, maior a associação entre dor crônica e transtornos emocionais.
- Pacientes com dor nociplástica: Esse tipo de dor não está ligado a lesão identificável. É comum na fibromialgia. Ela apresenta mais ligação com sofrimento psicológico.
O que pode ser feito?
Os dados reforçam a necessidade de um tratamento integrado. A dor crônica precisa ser vista de forma ampla, considerando não só o corpo, mas também a mente. Algumas medidas que podem ajudar incluem:
- Acompanhamento psicológico para lidar com os impactos emocionais da dor.
- Terapias integrativas, como mindfulness e técnicas de relaxamento.
- Exercícios físicos adaptados, que ajudam a reduzir a dor e melhoram o humor.
- Abordagens interdisciplinares, combinando diferentes especialidades médicas e psicológicas.
Conclusão
A dor crônica é muito mais do que uma questão física. A relação com a saúde mental é inegável e precisa ser levada a sério.
Estudos como esse mostram que depressão e ansiedade são frequentes. A falta de um cuidado adequado pode agravar a situação. Um olhar mais amplo e inclusivo é essencial para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
Referência
AARON, Rachel V. et al. Prevalence of Depression and Anxiety Among Adults With Chronic Pain: A Systematic Review and Meta-Analysis. JAMA Network Open, v. 8, n. 3, p. e250268, 2025.
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