Um novo estudo foi publicado no The Journal of Positive Psychology sobre arte e bem-estar. Ele confirmou algo que talvez você já tenha sentido ao olhar uma obra como A Noite Estrelada, de Van Gogh. Ver arte faz bem.
E não apenas por um instante. A pesquisa revisou 38 estudos com mais de 6 mil participantes. Ela mostra que a experiência estética pode ampliar nosso senso de propósito. Também pode promover crescimento pessoal e até conexão com a vida.
Essa forma que conecta arte e bem-estar não é apenas ausência de sofrimento, mas sim uma vivência profunda de sentido.
Tecnicamente, chamamos de bem-estar eudaimônico. Trata-se de uma experiência que atravessa o emocional e o existencial, diferente da busca por prazeres momentâneos.
A boa notícia é que essa experiência pode ser despertada por algo simples. Algo tão poderoso quanto ver arte.

Índice
O que diz a nova pesquisa
A revisão analisou décadas de estudos dispersos sobre os efeitos de ver obras de arte em ambientes diversos. Isso inclui museus, hospitais e até realidade virtual. Independentemente do local, os benefícios se repetem.
Obras figurativas, abstratas, clássicas, modernas ou contemporâneas — todas foram associadas a melhorias no bem-estar subjetivo. Isso é evidente, sobretudo em aspectos relacionados à construção de sentido e identidade pessoal.
Isso quer dizer que você não precisa ser artista, nem entender de arte e bem-estar, para se beneficiar. Basta se permitir olhar — e sentir.
O que é bem-estar eudaimônico?
Diferente do bem-estar hedônico, que se refere a sensações de prazer e relaxamento, o eudaimônico diz respeito ao florescimento humano.
Inclui sentimentos de realização, coerência interna, autonomia e um sentido claro de direção na vida.
Ao olhar para uma pintura ou escultura, somos convidados a refletir. O que nos toca, o que nos move e o que nos incomoda passam pela nossa mente.
E nesse encontro com a obra, muitas vezes nos encontramos também conosco.
Como a arte age no corpo e na mente
Os pesquisadores identificaram cinco mecanismos que explicam a conexão de arte e bem-estar:
- Afetivo: a arte pode evocar emoções profundas, ajudando na regulação emocional.
- Cognitivo: favorece a atenção plena e estimula novas interpretações da realidade.
- Social: fortalece o sentimento de pertencimento e conexão com outras pessoas.
- Transformacional: abre espaço para mudanças pessoais e reconstrução de narrativas.
- Resiliência: ajuda a elaborar adversidades, funcionando como um recurso simbólico de enfrentamentoThe impact of viewing a….
Esses efeitos foram observados mesmo quando a arte era vista por telas, em experiências virtuais. Ou seja, mesmo à distância, o encontro estético pode fazer diferença.
Arte na clínica: possibilidades para a Psicologia
Diante de tantos benefícios, será que psicólogos deveriam incorporar a arte em suas práticas?
Ainda que a psicoterapia não dependa de recursos visuais para ser eficaz, há espaços legítimos para essa integração. Salas de espera podem ter obras acolhedoras.
O estímulo à contemplação artística serve como ferramenta de autoconhecimento.
Intervenções com base em imagens simbólicas também são válidas. Tudo isso pode enriquecer a escuta clínica, sem impor técnicas ou prescrições.
Aliás, desde 2019, a Organização Mundial da Saúde recomenda usar abordagens criativas. Elas devem ser utilizadas em conjunto com o cuidado clínico.
A organização reconhece que a arte pode apoiar a saúde mental, especialmente ao fortalecer a autoestima. Além disso, também ajuda no sentido de identidade e na conexão com o mundo.
Reflexão: o que te emociona diante de uma obra?
Talvez você já tenha sentido um nó na garganta diante de uma pintura. Ou aquela sensação silenciosa de estar sendo compreendido por algo que não fala, mas comunica. O que será que tocou você ali?
A arte não precisa ser explicada — precisa ser vivida. Ao se permitir essa experiência, pode ser que você encontre não apenas beleza. Você pode também descobrir um pedacinho de sentido que andava escondido.
Considerações finais
A pesquisa traz uma mensagem poderosa: arte não é luxo. É recurso de bem-estar. Está presente em paredes de museus, mas também nas ruas, nas telas e nas casas. E pode ser uma aliada silenciosa no cuidado de si.
Que tal experimentar, ainda hoje, olhar com mais atenção para uma imagem que te inspire? Sem esperar nada. Apenas olhando — e sentindo.
Referência
TRUPP, MacKenzie et al. The impact of viewing art on well-being: a systematic review of the evidence base and suggested mechanisms. The Journal of Positive Psychology, 2025.
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