Como melhorar a autoestima “se olhando de fora”

A autoestima é um elemento central da saúde psicológica. Ela influencia a maneira como lidamos com desafios. Melhorar a autoestima também afeta como nos relacionamos com os outros e tomamos decisões.

Um estudo recente publicado no Frontiers in Psychology investigou o papel da capacidade de “se ver de fora” nesse processo. Ele revelou achados inovadores que podem impactar tanto a psicologia clínica quanto a autoajuda.

O que significa “se ver de fora” e como isso se relaciona com a autoestima?

“Se ver de fora” refere-se à capacidade de observar nossas próprias experiências e emoções com certo distanciamento. Isso permite que não se reaja automaticamente a elas. O nome técnico disso é meio complicado: metacognição.

Especificamente, o estudo analisou essa habilidade no processo de melhorar a autoestima. Essa habilidade permite às pessoas enxergarem situações difíceis sob uma perspectiva mais ampla. Isso reduz o impacto emocional imediato.

Os pesquisadores identificaram duas principais dimensões dessa capacidade:

• Perspectiva distanciada: habilidade de ver experiências negativas de maneira mais objetiva, sem reagir emocionalmente de forma intensa.
• Autoaceitação cognitiva: habilidade de reconhecer e aceitar pensamentos e emoções negativas sem se identificar excessivamente com eles.

Metodologia do estudo

A pesquisa foi conduzida com 1.100 participantes de diferentes faixas etárias (18-65 anos).

Foram utilizados questionários validados para medir autoestima, estratégias de regulação emocional e a capacidade de “se ver de fora”.

O modelo de equação estrutural utilizado demonstrou que essa habilidade exerce um papel mediador. Ela influencia a relação entre autoestima e estratégias de autorregulação.

Principais descobertas

1. A autoestima prediz positivamente a capacidade de “se ver de fora”. Indivíduos capazes de melhorar a autoestima tendem a utilizar mais essa habilidade para lidar com experiências desafiadoras.
2. Observar-se de fora influencia estratégias de regulação da autoestima. Pessoas que desenvolvem essa habilidade são mais propensas a adotar estratégias funcionais, como a autoafirmação e o autoaperfeiçoamento.
3. A perspectiva distanciada reduz a autodefesa negativa. Enquanto a autoaceitação cognitiva pode levar a alguma proteção emocional, a capacidade de ver situações com distanciamento reduz respostas defensivas. Isso inclui evitar feedbacks negativos ou distorcer a realidade para proteger a autoestima.

Aplicações na vida pessoal

Os achados sugerem que fortalecer a capacidade de “se ver de fora” pode melhorar a regulação da autoestima. Isso também pode promover bem-estar emocional.

Além disso, cultivar essa habilidade pode favorecer relações interpessoais mais saudáveis. Isso ocorre porque reduz a tendência de interpretar críticas como ataques pessoais.

Quando conseguimos nos distanciar emocionalmente, conseguimos avaliar as situações com mais clareza. Tornamo-nos menos reativos e mais abertos ao diálogo.

Essa prática fortalece a autoestima. Além disso, contribui para um maior equilíbrio emocional. Ela também aumenta a força diante dos desafios diários.

Perguntas para reflexão:

• como você lida com feedbacks negativos? Você se permite enxergá-los de forma objetiva ou reage defensivamente?
• você costuma se identificar completamente com seus pensamentos negativos ou consegue observá-los com distanciamento?

Uma habilidade a ser desenvolvida

Este estudo abre caminho para uma compreensão mais profunda. Ele mostra como essa habilidade pode ser usada para melhorar a autoestima de maneira funcional.

Ao aprimorar nossa capacidade de “dar um passo para trás”, conseguimos observar nossos processos internos. Isso nos permite desenvolver uma relação mais saudável com nossa própria identidade.

Também podemos entender melhor nossas emoções. O apoio de um profissional da psicologia pode ajudar você nesse sentido.

Referência

RADER, Lena; FORSTER, Saskia Doreen; GAUGGEL, Siegfried; DRUEKE, Barbara; MAINZ, Verena. Take a step back to see your own value: on the role of metacognition in self-esteem regulation. Frontiers in Psychology, v. 16, 2025.