Quando se fala sobre sexualidade, o foco costuma recair em riscos, disfunções ou em dados sobre frequência. Mas e se perguntássemos simplesmente: “O que mais te dá prazer no sexo?”
Essa foi a proposta do estudo publicado na Journal of Sex & Marital Therapy. Ele buscou compreender os aspectos mais apreciados pelas pessoas nas relações sexuais com uma pessoa parceira.
Com uma amostra nacionalmente representativa dos Estados Unidos, os pesquisadores analisaram as respostas de 2.755 pessoas adultas que participaram do National Survey of Sexual Health and Behavior.
A pergunta era direta: “Quais são seus aspectos favoritos ao fazer sexo com uma pessoa parceira?”
Sem oferecer múltiplas escolhas, os participantes foram convidados a escrever livremente.
O resultado foi uma rica variedade de respostas. Essas respostas revelam muito mais do que o corpo em movimento. Elas falam de presença, cuidado e humanidade.
Índice

O que as pessoas mais gostam no sexo, segundo a ciência
O estudo identificou seis grandes temas recorrentes entre os participantes no que diz respeito ao prazer no sexo. Eles são intimidade emocional, prazer físico, atos sexuais específicos, demonstrações de amor, dar prazer ao parceiro e orgasmo.
Ainda surgiram relatos sobre confiança, aventura, relaxamento, atração física e práticas não convencionais, como o BDSM.
O destaque, porém, vai para aquilo que mais apareceu nas respostas. É a sensação de estar na proximidade de alguém em quem se confia. Um sexo que abraça, em vez de apenas performar.
O prazer que vai além do corpo
A importância da intimidade emocional
Mais de 900 pessoas mencionaram a sensação de proximidade e intimidade como o que mais apreciavam no sexo. Palavras como conexão, segurança, calor e entrega apareceram com frequência.
Para esses participantes, o sexo é um momento em que o mundo lá fora desaparece. O vínculo entre duas pessoas se intensifica.
Muitos relataram que o mais especial era sentir-se visto, acolhido e emocionalmente presente com o outro. Um abraço depois do sexo ou o silêncio compartilhado também se tornaram símbolo de afeto.
A alegria de dar prazer
Cerca de 240 participantes disseram que o maior prazer era fazer o outro se sentir bem. Sorrisos, arrepios, suspiros e gemidos — esses sinais de prazer eram vividos como forma de cuidado e reciprocidade.
Dar prazer, nesse contexto, se tornava uma forma de comunicação generosa, quase silenciosa, que dizia: “estou aqui com você”.
Expressar amor através do toque
Mais de 300 pessoas expressaram que seu aspecto favorito era o sexo como forma de demonstrar amor. Algumas relataram que, durante fases difíceis do relacionamento, manter a intimidade ajudava a relembrar o vínculo afetivo.
O toque, o beijo, o carinho — cada ação tinha o peso de uma linguagem própria. Isso era especialmente verdade em momentos de vulnerabilidade ou reconexão.
O papel do orgasmo: menos central do que se pensa
O orgasmo é frequentemente tratado como o auge da relação sexual. No entanto, ele apareceu apenas em sexto lugar entre os temas mais citados.
Foi mencionado por 231 pessoas, que o descreveram como um pico de prazer ou como um momento de êxtase compartilhado.
Curiosamente, o orgasmo ficou atrás de aspectos como intimidade, afeto e prazer mútuo. Isso nos faz pensar: será que estamos valorizando demais o final, em detrimento da experiência como um todo?
Sexo também pode ser calmante, terapêutico ou divertido
Alguns participantes mencionaram o sexo como fonte de alívio emocional, relaxamento ou diversão. Para essas pessoas, o ato sexual era um espaço de descanso da mente e de reencontro com o próprio corpo.
Outros relataram gostar da liberdade de experimentar, seja com brinquedos, posições diferentes ou práticas como o BDSM. A aventura, nesse caso, vinha junto com o respeito e o cuidado mútuo.
Quando o sexo dói: histórias que também merecem ser ouvidas
Nem todas as respostas foram positivas. Algumas pessoas disseram nunca ter sentido prazer no sexo. Outras relataram traumas, mudanças físicas ou o luto pela perda de um(a) parceiro(a).
Essas vozes também merecem espaço. Afinal, a sexualidade é atravessada por silêncios, interrupções e ausências. Validar essas experiências é tão importante quanto reconhecer o prazer.
O que este estudo nos convida a repensar
O estudo mostrou que o que mais se valoriza no prazer no sexo não é a performance. Não é nem o “saber fazer”. Mas sim o “saber sentir”.
Talvez estejamos sendo convidados a olhar para a sexualidade como um espaço de encontro. Um lugar onde a presença vale mais do que qualquer técnica.
E se fizermos essa pausa para refletir…
- O que me faz sentir realmente presente durante o sexo?
- Existe afeto no meu desejo?
- Como eu cuido do outro e sou cuidado(a)?
- Como posso me despir, também, das expectativas sociais ao viver minha sexualidade?
Conclusão
Falar de prazer no sexo é falar de vínculo. Os dados deste estudo reforçam que a sexualidade não é apenas um tema biológico ou psicológico, mas profundamente humano.
Mais do que orgasmos, o que parece importar mesmo é estar junto, de verdade. Com corpo, sim, mas também com alma.
Referência
HERBENICK, Debby et al. What Are Americans’ Favorite Aspects of Partnered Sex? Findings From a U.S. Nationally Representative Survey. Journal of Sex & Marital Therapy, v. 51, n. 1, p. 42–57, 2024.
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