O suicídio na adolescência é um fenômeno complexo, que não pode ser reduzido a fatores individuais.
Depressão, ansiedade e outras reações que a escola causa nos estudantes são importantes. Mas o ambiente social no qual o jovem está inserido exerce uma influência fundamental.
Escola, família, mercado de trabalho, política e economia moldam diretamente as experiências e a saúde mental dos adolescentes.
Até que ponto a escola pode ser um fator protetor ou de risco para a saúde emocional dos jovens?

Índice
O papel da conexão escolar na saúde mental dos adolescentes
Estudos demonstram que a conexão escolar e saúde mental estão intimamente ligadas. Quando um adolescente sente que pertence ao ambiente escolar, ele é valorizado e apoiado por professores e colegas.
Então, ele tende a apresentar menores índices de sofrimento emocional. Há também menor risco de desenvolver pensamentos suicidas.
Os resultados foram os seguintes:
- Ideação Suicida: Entre os estudos que avaliaram a ideação do suicídio na adolescência, 73,3% mostraram que a conexão escolar teve um efeito protetor.
- Tentativas de Suicídio: Nos estudos que avaliaram as tentativas de suicídio, 50% encontraram um efeito protetor da conexão escolar.
Os achados demonstram que a escola pode desempenhar um papel positivo na prevenção do suicídio na adolescência. No entanto, a pesquisa também aponta limitações.
Muitos dos estudos analisados não controlaram variáveis relevantes, como sono, impulsividade, uso de substâncias ou depressão. Isso sugere que o impacto da conexão escolar pode ser influenciado por outros fatores.
A importância da presença de psicólogos nas escolas
A influência do ambiente escolar na saúde mental dos adolescentes é significativa. A presença de psicólogos nas escolas públicas tem sido debatida. Esta presença é considerada essencial para a promoção do bem-estar emocional.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) trabalha de forma ativa nesse sentido. O objetivo é tornar obrigatória a presença de psicólogos no ambiente escolar. Para isso, estão em parceria com o Ministério da Educação (MEC).
A ideia é oferecer suporte psicológico adequado aos estudantes. Também visa prevenir o agravamento de problemas emocionais. Além disso, busca proporcionar um ambiente mais acolhedor para os jovens.
Essa medida visa fortalecer, entre outras coisas, a prevenção do suicídio na adolescência. Ela cria espaços onde os alunos possam expressar suas dificuldades. Além disso, os alunos podem receber o apoio necessário.
Além disso, a atuação de psicólogos nas escolas contribui para a capacitação de professores. Eles ajudam na identificação precoce de sinais de sofrimento psíquico. Também auxiliam na implementação de estratégias eficazes de acolhimento.
Fatores sociais que influenciam o sofrimento psíquico
O sofrimento psíquico do adolescente é frequentemente reflexo do ambiente em que vive. A escola, por exemplo, pode ser um espaço de apoio, mas também de pressão excessiva, bullying e exclusão social.
Além disso, fatores externos, como desigualdade social, insegurança econômica e dificuldades familiares, podem amplificar o sofrimento dos jovens.
Outros fatores ambientais determinantes incluem:
- Precariedade educacional: Escolas têm pouca estrutura. Os professores estão sobrecarregados. A falta de suporte emocional contribui para o sentimento de desamparo dos alunos.
- Pressão acadêmica: Expectativas irrealistas de desempenho podem gerar ansiedades incapacitantes.
- Bullying e exclusão social: A marginalização dentro do ambiente escolar está diretamente ligada a maiores índices de depressão. Está também ligada a suicídio entre adolescentes.
- Falta de espaço para expressão emocional: Escolas que priorizam apenas conteúdo acadêmico. Elas não oferecem espaço para escuta e acolhimento. Assim, perdem a oportunidade de fortalecer a saúde mental dos jovens.
Como a escola pode ajudar adolescentes em sofrimento emocional?
Embora as escolas possam ser um ambiente de pressão, elas também têm o potencial de atuar como um fator protetor. Algumas ações podem ajudar a criar um ambiente mais acolhedor e seguro para os adolescentes:
- Fortalecimento da conexão escolar: Criar espaços de pertencimento e incentivo ao trabalho em equipe.
- Programa de bem-estar emocional: Inserir atividades de educação socioemocional na grade curricular.
- Formar professores para identificar sinais de sofrimento psíquico: Professores estão frequentemente entre os primeiros a notar mudanças no comportamento. Eles podem identificar sinais de sofrimento psíquico nos alunos.
- Combate ao bullying: Estabelecer políticas ativas de prevenção e punição ao bullying.
- Abertura para o diálogo: Criar espaços onde adolescentes possam expressar emoções sem medo de julgamento.
- Atuação de psicólogos escolares: Ter profissionais capacitados para oferecer suporte psicológico contínuo aos alunos.
Prevenção do suicídio adolescente
O suicídio na adolescência não é uma questão meramente individual, mas uma expressão do ambiente social. A escola tem um papel central na prevenção do suicídio adolescente.
Ela pode atuar como um fator protetor. Também pode se tornar um agravante do sofrimento psíquico. A presença de psicólogos nas escolas públicas é uma demanda urgente.
O CFP e o MEC defendem essa medida para fortalecer a saúde mental dos alunos. Além disso, ela promove um ambiente educacional mais acolhedor.
Políticas educacionais mais inclusivas são acolhedoras e consideram o bem-estar emocional dos alunos. Tais políticas podem salvar vidas e construir um futuro mais saudável.
Referência
WELTY, C. W.; BINGHAM, L.; MORALES, M.; GERALD, L. B.; ELLINGSON, K. D.; HAYNES, P. L. School Connectedness and Suicide Among High School Youth: A Systematic Review. Journal of School Health, v. 94, n. 2, p. 13445, 2024.
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