A não monogamia é um conceito que tem ganhado visibilidade e despertado interesse na sociedade.
Diferente da monogamia tradicional, os relacionamentos não monogâmicos consensuais (CNM) envolvem múltiplos vínculos afetivos ou sexuais.
Todos os vínculos acontecem com o conhecimento e consentimento de todas as partes envolvidas.
Mas como as pessoas que praticam a não monogamia vivenciam esses relacionamentos? Quais são os desafios e benefícios percebidos?
O estudo trouxe insights sobre o impacto emocional da não monogamia para aqueles que os praticam.

Índice
O que a pesquisa revelou?
As pesquisadoras Jennifer Arter e Sacha S. Bunge entrevistaram 51 pessoas que praticam a não monogamia há pelo menos três anos.
Elas analisaram suas percepções sobre os impactos das relações de seus parceiros em suas próprias vidas.
Os resultados indicam que a experiência pode envolver tanto desafios quanto benefícios.
Desafios da não monogamia
Algumas das dificuldades apontadas pelos participantes incluem:
- Ciúmes e insegurança: Comparar-se a um parceiro do companheiro ou sentir-se menos desejado foram questões frequentes.
- Gestão do tempo: Dividir a atenção entre múltiplos parceiros pode gerar frustração. Isso ocorre principalmente quando há a sensação de estar “perdendo” momentos importantes.
- Conflitos com metamores: O relacionamento entre “metamores” (parceiros que compartilham um mesmo companheiro) pode ser complicado. Isso ocorre especialmente quando há diferenças de valores. Também pode ser complicado por estilos de comunicação distintos.
- Mudanças inesperadas: Em alguns casos, um parceiro pode alterar a dinâmica do relacionamento. Isso pode ser devido a uma nova conexão. Isso leva a inseguranças e ajustes.
Benefícios da não monogamia
Por outro lado, os participantes também relataram vantagens significativas, como:
- Compersão: Muitas pessoas experimentam alegria ao ver seu parceiro feliz em outro relacionamento, fenômeno conhecido como compersion.
- Maior autonomia: A não monogamia permite que cada indivíduo explore interesses pessoais. As necessidades emocionais ou sexuais não recaem sobre um único parceiro.
- Crescimento pessoal: Lidar com emoções desafiadoras, como o ciúme, pode desenvolver habilidades emocionais. Isso também pode construir uma maior autoconfiança.
- Apoio comunitário: Muitos relataram que a interação com metamores gerou novas amizades e redes de suporte emocional.
Os impactos da cultura monogâmica nas emoções
O estudo encontrou algo interessante. Muitos participantes relataram que sentimentos negativos, como o ciúme, não surgem apenas da experiência direta da não monogamia.
Eles também ocorrem devido à influência da cultura monogâmica dominante. A sociedade frequentemente reforça a ideia de que exclusividade é sinônimo de amor verdadeiro.
Isso pode gerar inseguranças quando se depara com um modelo de relacionamento que desafia essa norma.
Alguns entrevistados mencionaram que, ao desconstruírem essas crenças, conseguiram desenvolver maior segurança emocional.
Eles também adquiriram um entendimento mais amplo sobre o afeto e a conexão humana.
Metamores: um desafio ou uma oportunidade?
Outro aspecto relevante do estudo é o papel dos metamores, ou seja, os outros parceiros de um companheiro.
Enquanto algumas pessoas relataram dificuldades na convivência, como sentimentos de comparação e disputas por atenção, outras descreveram interações extremamente positivas.
Algumas relações entre metamores evoluíram para amizades ou até para parcerias românticas, criando redes de apoio e fortalecimento emocional.
Essa dinâmica demonstra que a experiência da não monogamia pode ser muito diversa.
Ela varia de acordo com a qualidade das interações e os acordos estabelecidos entre os envolvidos.
A importância da comunicação nas relações não monogâmicas
A pesquisa também destacou que a comunicação clara e honesta foi essencial.
Isso minimizou desafios e potencializou benefícios na não monogamia. Participantes que estabeleceram diálogos abertos sobre sentimentos, expectativas e necessidades relataram uma experiência mais satisfatória e menos desgastante.
Além disso, algumas pessoas mencionaram que desenvolveram habilidades avançadas de escuta ativa.
Elas também aprimoraram a expressão emocional. Isso impactou positivamente todas as suas relações.
Isso inclui amizades e relações familiares. Isso sugere que, mesmo com diferentes modelos relacionais, nossa maneira de comunicar pode determinar nosso bem-estar emocional.
Não monogamia é para todos?
A pesquisa evidencia que a não monogamia não é isenta de desafios, mas também pode oferecer experiências enriquecedoras.
Assim como qualquer outro tipo de relacionamento, a chave para o bem-estar está na comunicação. O respeito mútuo e o alinhamento de expectativas também são essenciais.
Se você deseja explorar mais sobre o tema, leia o estudo completo. Ele pode trazer mais reflexões sobre como os relacionamentos abertos impactam a vida emocional das pessoas.
O que eu penso da não monogamia? Se você gosta dela, continue se relacionando assim. Se você não gosta, a mesma coisa. O que não cabe é julgar e culpar. Cada um lida com seus relacionamentos do jeito que gosta, do jeito que pode, do jeito que consegue.
Referência
ARTER, Jennifer; BUNGE, Sacha S. Perceived Impacts of Partners’ Other Relationships on Oneself in Consensual Nonmonogamy. Archives of Sexual Behavior, v. 53, p. 1415–1429, 2024. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10508-024-02823-7.
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