A relação entre o uso de maconha e a memória tem sido amplamente estudada.
Recentemente, um dos maiores estudos já conduzidos sobre o tema (2025) trouxe novas evidências sobre os efeitos da maconha.
O estudo mostra como o consumo de cannabis pode impactar o funcionamento cerebral. Especialmente os efeitos da maconha sobre a memória de trabalho.
Recentemente, o CRP-PR também publicou uma pesquisa que deseja saber sobre o conhecimento das pessoas psicólogas a respeito da maconha.

Índice
O que é a memória de trabalho?
A memória de trabalho é a capacidade do cérebro de armazenar e manipular informações temporárias.
Ela é utilizada para realizar tarefas cognitivas. Essas tarefas incluem resolver problemas matemáticos, seguir instruções ou lembrar-se de uma lista de compras.
É essencial para o raciocínio, a tomada de decisões e o aprendizado.
O impacto do uso de maconha na memória de trabalho
Um estudo publicado na JAMA Network Open analisou os efeitos do uso de maconha em mais de 1.000 jovens adultos entre 22 e 36 anos.
Os pesquisadores utilizaram exames de imagem cerebral (fMRI) para observar a atividade do cérebro durante tarefas cognitivas.
Os principais achados foram:
- 63% dos usuários frequentes apresentaram redução da atividade cerebral em áreas associadas à memória de trabalho. Essas áreas incluem o córtex pré-frontal dorsolateral e a ínsula anterior.
- 68% dos usuários recentes testaram positivo para THC no exame de urina no dia do estudo. Eles também mostraram menor ativação nessas regiões.
- Essa redução na atividade cerebral foi correlacionada com desempenho inferior em testes de memória de trabalho. Isso indica dificuldades na retenção e manipulação de informações.
Como a maconha afeta o cérebro?
O principal componente psicoativo da maconha, o tetrahidrocanabinol (THC), atua nos receptores CB1 do sistema endocanabinoide, amplamente distribuídos no cérebro. Esses receptores desempenham um papel crucial em funções cognitivas, incluindo memória e aprendizado.
O estudo sugere que o uso frequente de maconha pode levar a uma adaptação do cérebro. Isso resulta em menor disponibilidade desses receptores em áreas como o córtex pré-frontal.
Isso pode explicar a redução da atividade cerebral observada nos usuários de longa data.
Efeitos a longo prazo: a memória se recupera?
Uma questão importante é se os efeitos do uso de maconha na memória são reversíveis.
Pesquisas anteriores indicam que alguns déficits cognitivos podem diminuir após semanas ou meses de abstinência.
No entanto, no estudo atual, mesmo usuários que estavam sem consumir maconha há algum tempo ainda mostraram ativação reduzida.
Isso sugere possíveis impactos de longo prazo.
O que esses achados significam para os usuários?
Os resultados não indicam que todos os consumidores de maconha desenvolverão problemas cognitivos severos.
No entanto, eles destacam a importância de considerar os riscos.
Isso é especialmente relevante para quem faz uso frequente ou em grandes quantidades.
Para aqueles que desejam minimizar impactos negativos, os pesquisadores recomendam evitar o uso de cannabis antes de atividades cognitivamente exigentes.
Essas atividades incluem provas, reuniões de trabalho ou tarefas que demandam concentração.
Outros achados a respeito dos efeitos da maconha
O estudo aborda um aspecto interessante. É a relação entre o uso de maconha e a teoria da mente. Esta é a capacidade de compreender os pensamentos e intenções de outras pessoas.
Os pesquisadores observaram que usuários recentes de cannabis apresentaram menor ativação cerebral durante tarefas relacionadas à teoria da mente. Isso sugere uma possível dificuldade na interpretação de estados mentais alheios
Houve uma redução na atividade neural semelhante à observada na memória de trabalho. No entanto, o efeito não se manteve estatisticamente significativo após ajustes para fatores como nível educacional.
Esse achado levanta questões. Ele questiona como o uso frequente de maconha pode influenciar a empatia e as interações sociais. Isso merece ser investigado em estudos futuros.
Usar ou não usar?
O estudo reforça que o uso frequente e recente de maconha pode prejudicar a memória de trabalho. Isso acontece ao reduzir a atividade cerebral em áreas essenciais para o processamento cognitivo.
Ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Uma delas é a duração exata desses efeitos. Outra é se eles podem ser completamente revertidos com a abstinência.
Enquanto isso, é essencial que cada pessoa avalie os riscos do uso da cannabis. Os benefícios também devem ser considerados.
Referência
GOWIN, J. L. et al. Brain Function Outcomes of Recent and Lifetime Cannabis Use. JAMA Network Open, v. 8, n. 1, e2457069, 2025.
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