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Custo do burnout: para as empresas sua saúde mental vale o lucro

    Recentemente, estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine revelou um dado alarmante (2025) a respeito do custo do .

    O burnout dos funcionários pode custar às empresas nos Estados Unidos entre US$ 4.000 e US$ 21.000 por empregado anualmente.

    Uma empresa com mil funcionários pode perder cerca de US$ 5 milhões por ano. Essas perdas são devidas à exaustão e desengajamento de seus colaboradores.

    Mas o que esses números realmente significam?

    E por que, apesar do impacto financeiro, tantas corporações ainda não priorizam a saúde mental no ambiente de ?

    Custo do burnout: para as empresas, sua saúde mental não vale nada

    Burnout: o lucro vale mais que a sua saúde mental

    Sinceramente, para mim, o custo do burnout significa que a saúde mental dos empregados vale menos que o lucro. Elas aceitam pagar o preço. Elas não ignoram os custos.

    E acham que vale a pena pagar isso pela saúde mental dos trabalhadores, pois o lucro é maior.

    Resumindo, para elas, acabar com a sua vida vale a pena.

    O burnout e seus impactos financeiros

    A foi conduzida pelo Public Health Informatics, Computational, and Operations Research (PHICOR) em parceria com universidades renomadas. Eles usaram um modelo computacional para medir como o custo do burnout. Os resultados mostram que:

    • Um funcionário horista não-gerencial em burnout custa, em média, US$ 3.999 anuais para a empresa;
    • Um trabalhador assalariado não-gerencial gera um prejuízo de US$ 4.257 por ano;
    • Um gestor custa cerca de US$ 10.824;
    • Já um executivo em burnout pode representar um impacto de US$ 20.683 para a organização.
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    Esses custos incluem redução da produtividade, aumento do absenteísmo, maior rotatividade e, em alguns casos, despesas com saúde.

    Além disso, a qualidade do trabalho cai, afetando diretamente a inovação e a eficiência das empresas.

    Mas, ainda assim, repito, sem medo de ser repetitivo, está valendo o lucro.

    E no Brasil? A realidade da exploração do trabalhador

    Se nos Estados Unidos o burnout já representa perdas significativas para as empresas, no Brasil a situação também preocupa.

    O país é um dos campeões em transtornos mentais relacionados ao trabalho.

    Dados da Previdência Social mostram que transtornos psicológicos, incluindo burnout, estão entre as principais causas de afastamento por auxílio-doença.

    Estima-se que cerca de 1 a cada 3 trabalhadores sofre com burnout.

    Portanto, no Brasil, a lógica da exploração muitas vezes é mantida. Isso ocorre porque o custo do burnout para as empresas ainda é menor que os lucros gerados pela sobrecarga.

    Salários baixos, longas jornadas e a pressão por metas inatingíveis fazem parte da cultura empresarial em muitos setores.

    Isso leva a um ciclo vicioso onde o desgaste físico e emocional é naturalizado e os empregados são descartáveis.

    E o interessante dos diagnósticos – mesmo no caso do burnout: uma vez diagnosticado, a culpa é sua. Você que é fraco e precisa ser medicado e afastado do convívio até que o seu funcionamento adequado seja corrigido.

    Conheço relatos de pessoas com burnout que, uma vez afastadas, sentiam culpa até de irem ao supermercado pois estavam “doentes”. Sentiam “os olhares”. Se você está “doente”, de folga, como ousa “se divertir” indo ao supermercado?

    No entanto, todo o deveria ter outro viés. Se um diagnóstico existe é porque não o indivíduo está doente, mas algum aspecto da está. Em maior ou menor grau. E esse aspecto causou o malefício em sua vítima. Também em maior ou menor grau.

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    O burnout e o custo do burnout é um diagnóstico para os meios produtivos, não para os empregados.

    Psicologia e responsabilidade social: qual o papel das empresas?

    O Código de do Psicólogo deixa claro que a atuação profissional deve considerar a responsabilidade social.

    • O princípio III do Código reforça a necessidade de uma análise crítica da realidade econômica e social.
    • O princípio VII destaca a importância de compreender as relações de poder nos contextos de atuação.

    Isso significa que, além de oferecer apoio individual, psicólogos também devem incentivar reflexões sobre a saúde mental no contexto corporativo. Empresas precisam adotar práticas que minimizem os efeitos do burnout, como:

    • Revisão de cargas horárias e metas realistas;
    • Implementação de programas de bem-estar;
    • Promoção de ambientes psicológicos seguros e inclusivos;
    • Adoção de políticas que favoreçam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
    • Salários dignos. Mais do que dignos.

    Eu não preciso ser gênio para entender os benefícios de um salário justo. Eu apostaria que a venda de ansiolíticos cairia pela metade.

    Mas eu suponho que o lucro das companhias farmacêuticas tem valido a pena.

    A escolha: lucro ou pessoas?

    A pergunta essencial que fica é: até que ponto as empresas se importam mais com o lucro imediato?

    Elas valorizam a qualidade de vida de seus empregados? É possível equilibrar produtividade e bem-estar?

    Para muitas corporações, a exploração ainda compensa financeiramente.

    E você, o que pensa sobre isso?

    Referência

    MARTINEZ, Marie F.; O’SHEA, Kelly J.; KERN, Mary C.; WHITE, Cameron; DIBBS, Alexis M.; LEE, Bruce Y. The Health and Economic Burden of Employee Burnout to U.S. Employers. American Journal of Preventive Medicine, 26 fev. 2025.


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