De acordo com um artigo publicado no site Psychological Science, a ansiedade e depressão entre jovens bissexuais recebe pouca atenção.
Estudos indicam que elas têm mais chances de desenvolver depressão (Fredriksen-Goldsen et al, 2023), ansiedade e pensamentos suicidas do que gays e lésbicas.
No entanto, esses desafios muitas vezes passam despercebidos. A bissexualidade é incluída na sigla LGBTQIA+ sem um olhar específico.
A epidemiologista Kirsty Clark, da Universidade Vanderbilt, destaca que essas diferenças são constantes e precisam ser melhor compreendidas.
Seu estudo ainda não publicado teve como objetivo identificar os fatores que afetam a saúde mental das pessoas bissexuais. Ele também buscou formas de lidar melhor com essas questões.

Índice
Como o estresse afeta a saúde mental das pessoas bissexuais
O estudo mostrou que ansiedade e depressão entre jovens bissexuais é maior do que em gays e lésbicas. Questões como instabilidade financeira, dificuldades no trabalho e problemas nos relacionamentos contribuem para isso. Essas dificuldades, somadas, podem prejudicar a saúde mental.
A pesquisa usou dados de quase 750 jovens adultos de minorias sexuais da Suécia. Isso permitiu uma análise detalhada sobre as diferenças na saúde mental entre bissexuais e monosexuais (gays e lésbicas).
Os resultados confirmaram que pessoas bissexuais têm índices mais altos de depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. Um estudo de 2018 do Center for American Progress já apontava que mulheres bissexuais tinham mais dificuldades para conseguir emprego. Elas sofriam com insegurança alimentar mais do que mulheres lésbicas.
Isso também afeta a vida acadêmica segundo o artigo de Mittleman (2022).
A dupla exclusão
Outro ponto relevante é o impacto da invalidação na incidência de ansiedade e depressão entre jovens bissexuais.
Muitas vezes, indivíduos bissexuais enfrentam o chamado “efeito da dupla exclusão”.
Não são plenamente aceitos nem por comunidades heterossexuais nem por grupos LGBTQIA+.
Esse fenômeno pode gerar sentimentos de isolamento, insegurança e dúvidas sobre sua própria identidade, intensificando quadros de ansiedade e depressão.
O reconhecimento e a valorização dessa identidade são fundamentais. Isso criaria um ambiente mais acolhedor e reduzir o baque emocional desse processo.
Fatores que influenciam o bem-estar
O estudo de Clark revelou um dado curioso. Ansiedade e depressão entre jovens bissexuais ligados à discriminação e rejeição familiar foi menor do que entre gays e lésbicas.
Isso indica que há outros fatores importantes para explicar as dificuldades enfrentadas por essa população. Questões como problemas financeiros e a falta de reconhecimento da identidade bissexual podem ser ainda mais impactantes.
Outro achado foi que as experiências das pessoas bissexuais variam bastante. Por exemplo, bissexuais que se sentem mais atraídos por pessoas do mesmo gênero tendem a apresentar menos ansiedade. Isso ocorre em comparação a outros grupos.
Como melhorar o acolhimento psicológico?
Para ajudar melhor as pessoas bissexuais, profissionais da saúde mental precisam considerar a diversidade dentro desse grupo. Algumas ações importantes incluem:
- Validar a identidade bissexual e evitar reforçar sua invisibilidade.
- Levar em conta os desafios específicos enfrentados, como instabilidade no trabalho e falta de apoio.
- Criar espaços terapêuticos mais acolhedores e afirmativos.
Clark reforça que esse estudo é um primeiro passo para entender melhor a saúde mental das pessoas bissexuais. Ainda há muito a ser feito para garantir um suporte adequado.
Referências
- Clark, K., Dyar, C., Bränström, R., & Pachankis, J. (in press). Psychosocial stressors explaining the monosexual–bisexual disparity in mental health: A population-based study of sexual minority young adults. Clinical Psychological Science.
- Fredriksen-Goldsen, K. I., Romanelli, M., Jung H. H., & Kim H. (2023). Health, economic, and social disparities among lesbian, gay, bisexual, and sexually diverse adults: Results from a population-based study. Behavioral Medicine, 50(2), 141–152.
- Mittleman, J. (2022). Intersecting the academic gender gap: The education of lesbian, gay, and bisexual America. American Sociological Review, 87(2), 303–335.
Descubra mais sobre Psicólogo Online e Presencial em Curitiba
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.