Você já sentiu como se sua vida estivesse travada? Como se alguma parte de você soubesse que precisa mudar, mas não tivesse forças para agir?
Carl Gustav Jung chama esse tipo de bloqueio interno de problema da energia psíquica. E é exatamente sobre isso que trata um dos livros mais fundamentais de sua obra: A Energia Psíquica.
Neste artigo, quero conversar contigo sobre o que acontece dentro da gente. Isso ocorre quando a alma perde o fluxo. Também ocorre quando o desejo se apaga ou quando tudo parece ter perdido o sentido.
E como essa “energia invisível” pode ser transformada com a ajuda dos símbolos, dos sonhos e da escuta sensível.

Índice
O que é energia psíquica?
Jung parte de uma pergunta simples, mas profunda: o que move o ser humano?
Para ele, essa força motivadora é a libido — mas não no sentido freudiano, limitado ao desejo sexual.
Libido, em Jung, é sinônimo de energia psíquica. É o combustível da alma. É o fluxo vital que nos empurra rumo à realização. Ele nos conduz ao crescimento e à criação de sentido.
Quando a energia psíquica flui, nos sentimos vivos, conectados e criativos. Mas quando essa energia é bloqueada ou reprimida, ela não desaparece: ela se transforma.
Pode virar angústia, obsessão, desânimo ou até sintomas físicos. Nessas horas, os sonhos e os símbolos começam a aparecer como avisos do inconsciente.
É como se algo dentro de nós estivesse dizendo: “Ei, você precisa escutar o que está tentando emergir!”
Quando a alma fica represada
Jung nos mostra que a energia psíquica se comporta como um rio: quando está contida, ela pressiona as margens. Se não encontra saída consciente, ela transborda pelos lados. E é aí que surgem os sintomas, os conflitos e os impasses.
Mas há uma saída: quando a libido encontra uma nova direção simbólica, ela se transforma em algo criativo. Um novo caminho se abre. Não por imposição externa, mas porque algo dentro da pessoa amadureceu e pediu por isso.
As forças invisíveis dos povos ancestrais
No livro A Energia Psíquica, Jung explora a tentativa da humanidade de representar uma força invisível. Desde os tempos mais remotos, isto foi feito por meio de mitos, rituais e imagens.
Povos indígenas da América do Norte, aborígenes australianos, tribos africanas. Todos, de alguma forma, elaboraram noções de uma energia vital.
Essa energia se manifesta nos fenômenos da natureza, nos sonhos, nas doenças e na fertilidade.
Palavras como wakanda, manitu, mulungu, mana e churinga são expressões simbólicas de uma vivência. Há algo mais atuando na vida do ser humano. Algo que não se explica só com lógica.
O símbolo como caminho de cura
Essa perspectiva nos ajuda a olhar para os nossos próprios impasses de forma diferente.
Ao invés de ver os bloqueios como falhas, podemos vê-los como momentos de transição. É a energia da alma buscando uma nova forma de se expressar.
Jung também mostra que os símbolos não são enfeites poéticos, mas ferramentas vivas de transformação. Eles servem como pontes entre a consciência e o inconsciente.
Quando um símbolo emerge — num sonho, numa imagem, num gesto criativo — ele pode abrir um novo caminho. Isso permite que a energia psíquica volte a fluir. É como uma chave que destranca uma porta interior.
Instinto e espírito: os dois polos da psique
Jung afirma que a transformação real só acontece quando reconhecemos os dois polos da vida psíquica. Um polo é o instintivo e o outro é o espiritual.
O primeiro é nossa natureza biológica, nosso desejo, nossa pulsão. O segundo é nossa capacidade de dar sentido, criar cultura, elaborar símbolos.
Se tentarmos viver apenas em um desses polos, adoecemos. Mas quando aceitamos a tensão entre eles, algo novo pode nascer: a individuação, o florescimento daquilo que somos.
Quando o bloqueio pede escuta
Na prática clínica, vejo isso acontecer o tempo todo. Pessoas chegam dizendo que “não sentem mais nada” ou que “não sabem o que querem da vida”.
Aos poucos, elas escutam seus sonhos, suas imagens internas e seus desejos mais profundos. Lentamente, elas reencontram o fio da própria existência. Não é mágica — é trabalho de alma.
O livro A Energia Psíquica é denso, sim, mas profundamente humano. Ele nos mostra que transformar a dor em símbolo é um ato de coragem. E que dentro de cada bloqueio há um movimento interrompido, esperando para ser retomado.
Se você sente que sua vida está parada, talvez não seja o fim de nada. Talvez seja apenas a alma pedindo para mudar o rumo.
E a energia psíquica é uma força misteriosa e silenciosa. Ela vive dentro de você. Pode estar só esperando um novo símbolo para voltar a dançar.
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