Primeira gravação do cérebro humano de uma pessoa morrendo sugere que sim, neste artigo acadêmico de 2022

A ideia de que, por fim, nossa vida passa diante de nossos olhos tem sido relatada há séculos.
De fato, pessoas que passaram por experiências de quase-morte relatam isso.
Então, um estudo de 2022 apresenta evidências científicas que nos faz ficar menos céticos.
O estudo mostra que o cérebro humano, de fato, ao morrer, gera padrões de atividade elétrica.
Esses padrões são compatíveis com a recordação de memórias.
Encontrei a referência a esse artigo na Frontiers.
Ou, sei lá, vai que tudo não passa de um curto-circuito. De qualquer modo, vejamos a análise do artigo.
O primeiro registro do cérebro morrendo
Primeiramente, essa descoberta aconteceu por acaso.
Em 2016, um paciente de 87 anos, que tinha sido diagnosticado com epilepsia, estava em monitoramento com um eletroencefalograma (EEG).
Então, durante esse monitoramento, ele sofreu uma parada cardíaca fatal.
Desse modo, a equipe médica registrou sua atividade cerebral nos momentos finais.
Surpreendentemente, eles identificaram um padrão inesperado.
Houve um aumento na atividade em faixas de frequência associadas à memória e à consciência.
Anos depois, uma equipe internacional de pesquisadores analisou os dados. Ajmal Zemmar, um neurocirurgião da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, liderou a equipe.
O estudo foi publicado, então, em fevereiro de 2022 no periódico Frontiers in Aging Neuroscience.
Ele sugere que a mente pode permanecer ativa e organizada mesmo após a morte clínica.
O que acontece no cérebro nos últimos instantes? A vida passa diante de nossos olhos?
Os pesquisadores examinaram detalhadamente a atividade cerebral do paciente antes, durante e depois da parada cardíaca.
A análise revelou, de fato, um aumento significativo nas ondas gama.
Essas ondas estão diretamente associadas a funções cognitivas superiores. Algumas dessas funções são a recordação de memórias, os sonhos e os estados meditativos.
Assim, os achados indicam diversas coisas.
Momentos antes da morte
Houve um padrão de supressão da atividade cerebral nos hemisférios esquerdo e direito.
Nos segundos finais
Ocorreu um pico de atividade nas ondas gama. Com efeito, isso é semelhante ao que acontece quando uma pessoa está sonhando. Também se assemelha ao que ocorre ao acessar memórias.
Após a parada cardíaca
A atividade cerebral geral diminuiu drasticamente. No entanto, a proporção relativa das ondas gama em relação a outras frequências permaneceu alta.
Hipóteses: a vida passa diante de nossos olhos quando morremos?
Esses resultados sugerem que o cérebro pode estar organizando uma espécie de “recapitulação” da vida, mesmo sem fluxo sanguíneo.
Além disso, os pesquisadores levantam a hipótese. Esse fenômeno pode representar um mecanismo natural da mente. A mente está transitando entre a vida e a morte.
Limitações do estudo: o que essa descoberta significa?
Embora esse seja um estudo de caso único, ele levanta questões fascinantes sobre a consciência e o processo de morrer.
Se o cérebro continua ativo por alguns segundos após a morte clínica, será que todos vivenciamos um “filme da vida”? Isso levanta uma dúvida intrigante sobre a experiência pós-morte.
Além disso, até que ponto a consciência permanece presente durante esse processo?
Os próprios pesquisadores reconhecem que fatores como epilepsia, medicamentos e condições pré-existentes podem ter influenciado os resultados.
No entanto, isso não invalida a descoberta, mas reforça a necessidade de novos estudos para entender melhor esse fenômeno.
Reflexões sobre a vida e a memória
Se o cérebro realmente revisita memórias antes da morte, isso nos convida a pensar: quais momentos gostaríamos que fossem revividos?
Será que as escolhas que fazemos no dia a dia impactam esse processo? E, mais importante, como isso pode influenciar a maneira como encaramos a vida?
Além disso, essa descoberta pode mudar nossa visão sobre a morte.
Em vez de um desligamento abrupto, o fim da vida pode ser uma transição. A mente pode permanecer ativa por mais tempo do que imaginávamos.
E você, o que acha dessa possibilidade? Compartilhe sua opinião nos comentários! Se isso for de fato você vai gostar do filme que vai ver?
Referências
ZEMMAR, Ajmal et al. Enhanced interplay of neuronal coherence and coupling in the dying human brain. Frontiers in Aging Neuroscience, v. 14, 2022. DOI: 10.3389/fnagi.2022.813531..
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