Silenciamento interno: resgate da autenticidade e um convite para sua expressão

Você sente que sua voz não tem espaço? Você sente que está em um processo de silenciamento?

Se já se viu engolindo palavras ou reprimindo pensamentos, saiba que não está sozinho. Talvez você sinta, inclusive, que não pode ser quem realmente é.

Pode ser na família, na sua religião, grupo de amigos ou grupo político. Não importa.

O silenciamento pode ser sufocante. Muitas pessoas vivem esse fenômeno, escondendo o que pensam e sentem por medo do julgamento. Mas qual é o impacto disso na sua vida?

O que acontece quando você se cala?

Pesquisas mostram que o silenciamento não apenas impede a expressão, mas também reduz a reflexão.

Estudo no Journal of Environmental Psychology revelou que pessoas que evitam expor suas opiniões adotam comportamento oposto àquele que acreditam.

Este comportamento, muitas vezes, vai na contramão de suas crenças.

Isso pode afastá-las de sua própria verdade.

Como o silenciamento afeta sua saúde emocional?

Wilhelm Reich, em A Psicologia de Massas do Fascismo, explica que ambientes repressores impedem a livre expressão.

Isso gera tensão emocional e sofrimento psíquico, tanto individual quanto socialmente.

Carl Jung, por sua vez, descreve a sombra – aspectos reprimidos da nossa personalidade que são empurrados para o inconsciente.

Quanto mais negamos nossa sombra, mais ela se manifesta de forma disfuncional.

O resultado pode ser ansiedade, depressão ou um distanciamento de quem realmente somos.

E se houvesse um espaço onde você pudesse se expressar sem medo?

A psicoterapia pode ser esse espaço. Na sua modalidade presencial ou online. Diferente de ambientes onde a voz é reprimida, o consultório terapêutico é um lugar seguro.

Ali, você pode se ouvir e se expressar livremente.

Na abordagem que adoto, baseada na Psicologia Analítica e na Psicologia Corporal, o foco é criar um ambiente acolhedor.

Sem imposições, sem respostas prontas. Apenas um convite para que você se reconecte consigo mesmo e reencontre sua voz.

Resgatando sua autenticidade

O silenciamento pode parecer uma proteção, mas, muitas vezes, nos aprisiona ainda mais. É “confortável” – com aspas -, mas é desconfortável, sem aspas.

Quando evitamos falar, evitamos refletir. Isso nos afasta de quem realmente somos. Permitir-se ser ouvido é um passo essencial para recuperar sua autenticidade.

Se você sente que precisa de um espaço para se expressar, a terapia pode ser um caminho. Sua voz importa. Sua experiência importa. E há um lugar onde você pode ser acolhido exatamente como é.

Metodologia do estudo

O estudo sobre auto silenciamento publicado no Journal of Environmental Psychology utilizou um experimento controlado.

O objetivo era investigar como pessoas com opiniões minoritárias se comportam em interações sociais.

Os pesquisadores recrutaram 248 estudantes universitários da Ohio State University. Eles os dividiram aleatoriamente para participar de breves conversas gravadas em vídeo.

Os organizadores informaram cada participante sobre um debate. Este debate envolve a implementação de políticas para aumentar a oferta de alimentos à base de plantas no campus.

Antes da conversa, os participantes classificaram seu nível de apoio ou oposição à medida. Isso permitiu que os pesquisadores identificassem aqueles que pertenciam ao grupo majoritário.

Também identificaram quem estava no grupo minoritário em relação à opinião predominante.

Na interação, os participantes conversaram com um suposto colega, que, na realidade, era um camarada dos pesquisadores.

Esse camarada defendia ou criticava a política alimentar usando argumentos pré-determinados, como razões éticas, ambientais e de saúde.

Durante os diálogos de três minutos, os pesquisadores analisaram o comportamento dos participantes. Eles observaram se os participantes expressavam livremente sua opinião. Também viram se evitavam se posicionar (indicando self-silencing).

Além da análise discursiva, o estudo mediu o impacto desse silenciamento no comportamento subsequente dos participantes. Após a conversa, cada um foi convidado a realizar uma tarefa para levantar fundos simbólicos em favor da política alimentar.

O desempenho nesta atividade revelou algo importante.

Até mesmo aqueles que originalmente se opunham à iniciativa, mostraram comportamentos alinhados ao ponto de vista dominante. Isso sugere um efeito de conformidade comportamental.

Os achados do estudo reforçam que o silenciamento não apenas reduz a expressão verbal. Ele também pode modificar comportamentos de forma inconsciente. Isso impede a reflexão crítica e a defesa da própria autenticidade.

Referências

HURST, K. F. et al. Self-silencing predicts behavioral conformity in sustainability contexts. Journal of Environmental Psychology, v. 102, p. 102555, mar. 2025.