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Padrões de gênero: pesquisa analisa o que é considerado “não-masculino” em diferentes países

    Os padrões de moldam nossas vidas desde a infância, definindo o que é “apropriado” para homens e mulheres.

    Mas, por trás dessas normas, esconde-se um sistema que aprisiona, impõe sofrimento e sufoca a autenticidade. Um estudo recente analisou a percepção global da “falta de masculinidade”.

    A revelou como diferentes sociedades impõem padrões rígidos de gênero, gerando impactos psicológicos severos (Żadkowska et al., 2025).

    Como essas normas afetam a saúde mental de todos e por que devemos questioná-las?

    Padrões de gênero: um homem se questiona a respeito do que é ser masculino ou não masculino, oprimido pelas forças sociais

    As armadilhas invisíveis dos estereótipos de gênero

    Desde cedo, meninos são ensinados a ser fortes, competitivos e a reprimir .

    Já as meninas aprendem a ser delicadas, cuidadosas e muitas vezes condicionadas a colocar os outros antes de si mesmas.

    Essas expectativas não apenas limitam escolhas individuais, mas criam um ciclo de repressão e sofrimento.

    A pesquisa de Żadkowska et al. (2025) revelou que, em sociedades com maior igualdade de gênero, a desmasculinização está mais associada à aparência e ao autocuidado.

    Já em países com menor igualdade, a “falta de masculinidade” está ligada a atos violentos contra mulheres.

    Isso evidencia como os estereótipos sobre masculinidade restringem os homens.

    Esses estereótipos também sustentam estruturas de desigualdade e de gênero.

    Padrões de gênero: a percepção da “falta de masculinidade” pelo mundo

    A pesquisa analisou 15 países e revelou padrões distintos sobre o que é considerado “não masculino”:

    • Noruega, Alemanha, Espanha, Reino Unido, (Alta igualdade de gênero): Associam a “falta de masculinidade” a expressões femininas. Estas incluem o uso de maquiagem, roupas delicadas e autocuidado estético.
    • Itália, Polônia (Igualdade intermediária): Além do autocuidado, a expressão de emoções é vista como um sinal de fragilidade. Chorar em público pode ser considerado fraqueza, por exemplo.
    • Nepal, Turquia, Nigéria, Marrocos, Paquistão (Baixa igualdade de gênero): O foco está no dos homens em relação às mulheres. Citar a violência contra mulheres como um ato “não masculino” é comum. Isso reforça uma visão de masculinidade baseada na proteção e dominação.
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    Os impactos psicológicos: uma dor compartilhada

    Os padrões de gênero não afetam apenas um grupo: elas geram sofrimento tanto para homens quanto para mulheres.

    • Nos homens, a repressão emocional pode levar a quadros de ansiedade, depressão e dificuldades em formar conexões profundas. Estudos indicam que homens que seguem rigidamente padrões tradicionais de masculinidade têm maior risco de e comportamentos autodestrutivos.
    • Nas mulheres, a imposição de um papel de submissão e cuidado pode causar esgotamento emocional. Isso pode levar a baixa autoestima e dificuldades para se posicionar em relações pessoais e profissionais.

    Além disso, quem não se encaixa nesses padrões de gênero enfrenta ainda mais dificuldades. Pessoas LGBTQIA+ enfrentam mais problemas, desde discriminação até violência física e psicológica.

    O que acontece quando desafiamos essas normas?

    A boa notícia é que, em sociedades com maior igualdade de gênero, há mais espaço para redefinir masculinidade. Também há espaço para redefinir feminilidade de forma menos rígida.

    Homens que se permitem expressar sentimentos e vulnerabilidade experimentam mais bem-estar e relações mais saudáveis. Mulheres que rejeitam padrões tradicionais conquistam mais autonomia e autoestima.

    Entender e questionar essas construções sociais é necessário. Isso ajuda a criar um mundo mais justo. Um mundo onde todos possam existir sem medo de julgamentos ou repressões.

    Metodologia da pesquisa

    O estudo conduzido por Żadkowska et al. (2025) utilizou uma abordagem qualitativa. Investigaram a percepção da “falta de masculinidade” em 15 países. Estes países foram selecionados com base no Índice Global de Diferença de Gênero (GGGI).

    Os pesquisadores coletaram 3.525 respostas de participantes do sexo masculino. Eles forneceram descrições abertas sobre quais comportamentos e características são considerados “não masculinos” em suas culturas.

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    Os dados foram analisados por meio de codificação temática, permitindo identificar padrões de respostas entre os diferentes países. A metodologia incluiu:

    • Amostragem diversificada: Foram selecionados países com diferentes níveis de igualdade de gênero, garantindo uma perspectiva global.
    • Coleta de dados online: Os participantes responderam anonimamente a questionários digitais. Isso reduziu o viés social na expressão de opiniões.
    • Análise temática: Os pesquisadores categorizaram as respostas em grandes temas, como “expressão emocional”, “aparência e autocuidado” e “violência contra mulheres”.
    • Comparação com indicadores sociais: Os resultados foram cruzados com o GGGI. A percepção da masculinidade foi comparada com o nível de igualdade de gênero de cada país.

    Essa abordagem permitiu compreender como normas de gênero variam em diferentes contextos culturais. Também mostrou como afetam a construção da identidade masculina ao redor do mundo.

    Como você se sente em relação às normas de gênero?

    Quais padrões você já seguiu por pressão social?

    Como eles influenciam suas emoções e sua liberdade de ser quem você realmente é?

    A psicologia nos ajuda a compreender que a autenticidade é um caminho para a saúde mental.

    Se essas normas estão causando sofrimento, talvez seja hora de questioná-las.

    Referência

    ŻADKOWSKA, Magdalena; SZLENDAK, Tomasz; KOSSAKOWSKI, Radosław; KOSAKOWSKA-BEREZECKA, Natasza. What makes a man unmanly? The global concept of ‘unmanliness’. Humanities and Social Sciences Communications, v. 12, n. 348, 2025. Disponível em: .


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