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Legalização da maconha reduz prescrição de calmantes nos EUA

    Nos últimos anos, a legalização da tem transformado o panorama da saúde mental.

    Tanto para uso medicinal quanto recreativo, ela impacta o consumo de medicamentos psicotrópicos.

    Um estudo publicado no JAMA Network Open (Bradford et al., 2024), com um público de 10 milhões de pessoas (!!!), investigou a expansão do acesso à cannabis.

    A descobriu que as regiões dos que legalizaram o consumo observaram queda na prescrição de calmantes.

    Por outro lado, houve aumento na prescrição de antidepressivos e antipsicóticos.

    Uma folha da planta representando a legalização da maconha.

    Quais foram os principais achados da pesquisa?

    O estudo analisou dados de 10.013.948 pacientes com seguro de saúde privado nos Estados Unidos, abrangendo um período entre 2007 e 2020.

    Os pesquisadores focaram nos estados onde a maconha foi legalizada para fins medicinais e recreativos.

    E houve uma redução significativa no preenchimento de prescrições de calmantes. Nos estados com legalização, prescrevem-se menos calmantes. Entre os principais achados, destacam-se:

    • Redução de 12,4% no preenchimento de prescrições de calmantes após a legalização da maconha medicinal.
    • Redução de 15,2% no preenchimento dessas prescrições após a legalização da maconha recreativa.
    • Aumento no preenchimento de prescrições de antidepressivos e antipsicóticos em alguns estados, embora os resultados tenham variado conforme a localização.

    Esses achados sugerem que algumas pessoas podem estar substituindo calmantes pela maconha. E levanta questões sobre os impactos dessa mudança para a saúde mental.

    Tal fato, no entanto, não deixa de levantar questões quanto à segurança dos pacientes.

    Por que isso importa?

    Os calmantes mais conhecidos, como Xanax, Valium e Rivotril, pertencem a uma classe de medicamentos chamada benzodiazepínicos.

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    Embora sejam amplamente prescritos para transtornos de ansiedade, apresentam riscos significativos, como dependência e interação perigosa com opioides.

    A substituição desses medicamentos pela maconha pode ser vista como um alívio para alguns pacientes.

    No entanto, ela também levanta dúvidas sobre sua eficácia e segurança a longo prazo.

    Além disso, os pesquisadores alertam. Apesar da queda no consumo de calmantes, houve um leve aumento nas prescrições de antidepressivos e antipsicóticos.

    Isso pode indicar que, para algumas pessoas, a maconha não substitui totalmente a necessidade de tratamento convencional para desafios emocionais.

    Também pode sugerir que a interação entre cannabis e saúde mental ainda não é completamente compreendida.

    O que ainda não sabemos?

    A pesquisa não esclarece se a redução no uso de calmantes levou a uma melhoria nos resultados clínicos dos pacientes.

    Algumas evidências sugerem que a cannabis pode ter efeitos ansiolíticos.

    No entanto, também existem estudos que apontam possíveis efeitos negativos. Um desses efeitos é o aumento do risco de psicose em populações vulneráveis.

    Além disso, o estudo mostrou que os impactos da legalização da maconha variam conforme o estado e suas políticas específicas.

    Isso sugere que fatores regulatórios podem influenciar o dos pacientes e prescritores.

    Recentemente, o e os CRPs do Brasil lançaram uma pesquisa para saber o que os psicólogos sabem sobre maconha.

    E no Brasil?

    Embora a cannabis medicinal seja regulamentada no Brasil, seu acesso ainda é restrito e burocrático.

    O impacto sobre a prescrição de psicotrópicos no país é incerto.

    No entanto, é possível que, com uma regulamentação mais ampla, ocorram mudanças semelhantes às observadas nos Estados Unidos.

    Questões que ficam com a legalização da maconha

    Os achados do estudo de Bradford et al. levantam questionamentos importantes:

    • A substituição de calmantes pela maconha é benéfica ou prejudicial?
    • A maconha pode realmente ser uma alternativa segura e eficaz para transtornos de ansiedade?
    • Como as políticas públicas devem considerar esses efeitos ao regular seu uso?
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    Embora a legalização da maconha traga novas possibilidades terapêuticas, é essencial continuar investigando seus impactos na saúde mental.

    Referência

    Bradford AC, Lozano-Rojas F, Shone HB, Bradford WD, Abraham AJ. Cannabis Laws and Utilization of Medications for the Treatment of Mental Health Disorders. JAMA Netw Open. 2024;7(9):e2432021.


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