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IA no interrogatório infantil pode reduzir o estresse e melhorar a precisão

    O interrogatório infantil em contextos legais é um processo delicado. É essencial para investigações de abuso infantil e outros crimes.

    Estudos mostram que a forma como as perguntas são feitas pode afetar significativamente a precisão das respostas. Elas também podem afetar a presença de falsas memórias.

    Uma pesquisa recente publicada no PLOS ONE analisou o desempenho de um modelo de Inteligência Artificial (IA).

    O modelo, conhecido como ChatGPT, foi comparado com entrevistadores humanos em interrogatórios infantis. O estudo revelou que a IA pode oferecer vantagens importantes na formulação de perguntas.

    A IA também pode ajudar a reduzir o estresse infantil durante esses procedimentos.

    Inteligência artificial no interrogatório infantil: a inteligência artificial demonstrou qualidade e eficácia nas perguntas feitas

    A metodologia do estudo

    O estudo analisou o interrogatório infantil de 78 crianças, com idades entre 6 e 8 anos, divididas aleatoriamente em dois grupos:

    • Um grupo respondeu a perguntas formuladas por um modelo de linguagem de IA. Este modelo é conhecido como ChatGPT. Um pesquisador humano mediava e apresentava as perguntas.
    • O outro grupo foi entrevistado por entrevistadores humanos sem treinamento especializado em entrevistas forenses.

    Antes do interrogatório infantil, todas as crianças assistiram a um vídeo com interações ambíguas entre um adulto e uma criança.

    O vídeo incluiu elementos que poderiam ser interpretados de diferentes maneiras. Ou seja, o contexto era dúbio e sujeito a interpretações. O objetivo era testar como as crianças relatariam os eventos quando questionadas.

    Os pesquisadores avaliaram a quantidade e a qualidade das informações obtidas, verificando:

    • O número total de perguntas feitas pelas pessoas e pela IA no interrogatório infantil
    • A proporção de perguntas recomendadas (como perguntas abertas que incentivam a livre, em vez de perguntas sugestivas)
    • A precisão das informações fornecidas pelas crianças
    • A quantidade de informação falsa ou imprecisa coletada
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    Principais descobertas

    Os resultados mostraram diferenças significativas entre a IA e os entrevistadores humanos:

    • A IA fez menos perguntas, mas cada pergunta gerou mais informação correta.
    • A IA formulou perguntas mais aderentes às melhores práticas recomendadas por especialistas.
    • Por outro lado, os entrevistadores humanos frequentemente utilizaram perguntas sugestivas ou fechadas.
    • O interrogatório infantil conduzido pela IA produziu menos informação falsa em comparação com os humanos.

    Apesar desses pontos positivos, os entrevistadores humanos foram mais ativos em fazer perguntas de acompanhamento. Eles exploraram detalhes fornecidos pelas crianças. A IA não fez isso de maneira tão espontânea.

    Os resultados obtidos, no entanto, foram condizentes com outro estudo relativo à percepção da “empatia” demonstrada por inteligências artificiais.

    O impacto da IA na investigação forense infantil

    Essas descobertas sugerem que o uso de IA pode melhorar a precisão dos depoimentos infantis. Além disso, pode reduzir o estresse das crianças durante o interrogatório infantil.

    A memória infantil é sensível a sugestões. A IA formular perguntas mais neutras pode diminuir a incidência de falsas memórias.

    Isso é especialmente relevante em casos de abuso infantil. O depoimento da criança às vezes é a única prova disponível.

    A integração de modelos de em entrevistas forenses ainda precisa de mais estudos e testes em situações reais.

    No entanto, a possibilidade de utilizar a IA como uma ferramenta de apoio para entrevistadores humanos pode marcar um avanço. Isso pode mudar a forma como coletamos informações de vítimas infantis.

    Desafios e perspectivas futuras

    Apesar dos resultados promissores, o estudo também destacou desafios na implementação da IA em interrogatórios infantis:

    • É necessário desenvolver modelos treinados específica e eticamente para entrevistas forenses.
    • A integração da IA com entrevistadores humanos precisa ser aprimorada para permitir maior interação e acompanhamento das respostas das crianças.
    • Regulamentações devem ser criadas. Isso garantirá que a IA seja utilizada de forma ética e transparente. Ela não deve substituir o julgamento humano.
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    A psicologia investigativa infantil deverá passar por uma transformação nos próximos anos. O uso da Inteligência Artificial auxiliará na obtenção de depoimentos mais confiáveis. Isso reduzirá o de crianças durante esses processos.

    Referência

    SUN, Yongjie et al. Comparing the performance of a large language model and naive human interviewers in interviewing children about a witnessed mock-event. PLOS ONE, v. 20, n. 2, p. e0316317, 2025. Disponível em:


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