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Empatia artificial: a IA já se conecta melhor com humanos que os psicólogos?

    Um robô humanoide interagindo com empatia artificial com uma pessoa em uma cena urbana.

    A empatia artificial está se tornando uma realidade? Isso é assustador ou promissor? Como ficam os psicólogos?

    A empatia é um dos pilares da humana, pois desempenha um papel essencial na construção de vínculos interpessoais.

    Além disso, ela fortalece laços sociais e promove acolhimento em momentos de vulnerabilidade.

    Um estudo que mostra que pode existir “empatia artificial”

    No entanto, um estudo de janeiro de 2025, publicado na Communications Psychology, da Nature, trouxe um dado surpreendente.

    De acordo com os resultados, as respostas geradas por tiveram avaliações positivas. Isto é, foram mais compassivas, segundo os participantes da . Sobretudo, mais que a de especialistas humanos.

    Metodologia da pesquisa

    Os pesquisadores da Universidade de Toronto conduziram esse experimento. Nesse sentido, o objetivo era entender como as pessoas percebem a empatia artificial.

    Para isso, eles compararam as respostas da IA com as humanas, inclusive com as de profissionais treinados em apoio emocional.

    Dessa forma, os resultados indicam que, em diversas situações, os participantes viram a IA como mais responsiva.

    Eles também considera a IA mais acolhedora do que especialistas humanos.

    Mas como isso é possível? E quais são as implicações dessa descoberta?

    O que o estudo descobriu?

    Os pesquisadores realizaram quatro experimentos com 556 participantes, os quais avaliaram respostas empáticas geradas tanto por IA quanto por humanos.

    Nesse contexto, as respostas humanas incluíram tanto leigos selecionados por sua empatia quanto profissionais treinados em a crises.

    Os principais achados foram:

    Compassividade

    A empatia artificial foi consistentemente avaliada como mais compassiva do que a empatia humana.

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    Mesmo quando os participantes sabiam que a resposta era gerada por um algoritmo, a percepção de acolhimento se manteve alta.

    Mais eficácia

    As respostas da IA foram vistas como mais responsivas. Elas demonstraram maior eficácia na comunicação de compreensão e validação. Além disso, forneceram apoio emocional de maneira estruturada.

    Eficiência no sofrimento

    A IA se destacou especialmente em respostas a experiências negativas. De fato, quando os participantes descreveram sofrimento ou angústia, a IA respondeu de forma mais compreensiva. Por isso, suas respostas foram vistas como melhores do que as dos humanos.

    Conclusões iniciais

    Esses resultados sugerem que a inteligência artificial pode desempenhar um papel significativo em contextos que exigem acolhimento emocional. Assim, a IA também pode contribuir para aprimorar a comunicação empática.

    O caso Eliza: a primeira experiência com empatia artificial

    A ideia de que uma máquina pode simular empatia não é nova.

    Muito antes da IA moderna, em 1966, o cientista da computação Joseph Weizenbaum, do MIT, desenvolveu o programa Eliza.

    Nesse sentido, esse foi um dos primeiros exemplos de um chatbot capaz de simular uma conversa terapêutica.

    Na época, Eliza utilizava um script simples chamado DOCTOR. O inventor se inspirou na não diretividade da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), de Carl Rogers.

    O programa reformulava frases do usuário e devolvia respostas genéricas, criando a ilusão de compreensão. Por exemplo:

    Usuário: “Estou me sentindo triste.”
    Eliza: “Por que você está se sentindo triste?”

    Embora fosse um sistema rudimentar, muitas pessoas começaram a atribuir sentimentos ao programa, acreditando que estavam sendo realmente compreendidas.

    Finalmente, isso preocupou Weizenbaum, que passou a criticar o uso de máquinas para simular empatia.

    Além disso, ele alertou sobre os riscos de confundir a resposta de um algoritmo com um real entendimento humano.

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    Atualmente, mais de cinquenta anos depois, o avanço da inteligência artificial trouxe modelos. Estes modelos são capazes de responder com um nível de sofisticação muito superior ao de Eliza.

    No entanto, a questão levantada por Weizenbaum continua relevante.

    Se uma IA pode simular empatia com perfeição, a pergunta surge. As pessoas realmente precisam saber que estão interagindo com uma máquina?

    Por que a empatia artificial parece mais eficaz do que a humana?

    Os pesquisadores apontam algumas razões para esse fenômeno.

    A IA não sofre de fadiga emocional

    Humanos podem se sentir sobrecarregados ao fornecer suporte constante, o que pode comprometer sua capacidade de empatia. Em contrapartida, a IA mantém a qualidade das respostas sem flutuações.

    Respostas estruturadas e validadoras

    A IA segue padrões de comunicação que priorizam a validação do sentimento e a reformulação da experiência do outro. Isso é algo que os humanos nem sempre fazem de forma consistente.

    Ausência de julgamento

    Muitas pessoas sentem receio de se abrir com outros humanos por medo de serem julgadas. Nesse sentido, a IA, por ser neutra, pode facilitar esse processo.

    Entretanto, há um ponto essencial: a IA não “sente” empatia

    O que ela faz é estruturar respostas. Elas parecem empáticas.

    Isso se baseia em padrões de linguagem e estratégias de comunicação eficazes.

    Quais as implicações da empatia artificial para a psicologia e a comunicação?

    O fato de que as pessoas percebem a empatia artificial como mais eficaz do que a empatia humana levanta questionamentos importantes

    IA como ferramenta de suporte emocional

    A pesquisa sugere que a IA pode ser útil. Primeiramente, no acolhimento inicial de pessoas em sofrimento, pois funciona como um canal de escuta acessível e confiável.

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    Risco de desumanização das relações

    As pessoas começarem a preferir interações com IA em vez de buscar apoio humano. Por consequência, isso pode causar uma mudança significativa na forma como nos conectamos emocionalmente.

    Uso da IA como complemento, não substituição

    A pode auxiliar profissionais da saúde mental e do atendimento ao público. Mas não deve substituir o contato humano, que continua sendo essencial.

    Dessa forma, esses desafios mostram muito sobre incorporação da inteligência artificial.

    Sobretudo em contextos de comunicação empática, em que deve ser feita com cautela e responsabilidade ética.

    Empatia artificial e empatia humana são concorrentes?

    A pesquisa sugere que a empatia artificial pode desempenhar um papel fundamental na comunicação emocional.

    Embora não possua sentimentos reais, ela consegue formular respostas compassivas a partir de modelos de linguagem bem estruturados. Por esse motivo, a IA se mostra uma ferramenta poderosa para o acolhimento inicial.

    Entretanto, e se as pessoas percebem a IA como mais empática do que os humanos?

    Isso nos conduz a uma reflexão mais profunda. Afinal, estamos falhando em expressar empatia uns com os outros? Será que a está cada vez mais carente de escuta genuína?

    Finalmente, o futuro da interação entre humanos e máquinas dependerá de dois fatores principais. Primeiro, da forma como equilibramos o uso da tecnologia. Segundo, da valorização das conexões humanas reais.

    Referência

    OVSYANNIKOVA, Dariya; OLDEMBURGO DE MELLO, Victoria; INZLICHT, Michael. Third-party evaluators perceive AI as more compassionate than expert humans. Communications Psychology, Nature Portfolio, v. 3, n. 4, 2025. DOI: 10.1038/s44271-024-00182-6.


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